Nos próximos dias 24 e 25 de setembro, a A.N.D.A.R – Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide -, que completa 25 anos de existência, organiza as suas XX Jornadas. Este ano, entre os temas de destaque estão os avanços na terapêutica e os tratamentos não medicamentosos como parte complementar.
Arsisete Saraiva, presidente da A.N.D.A.R, dá conta de “uma nova classe de medicamentos, que atua dentro das células inibindo a atividade de algumas enzimas, e revelou-se muito eficaz na modificação da doença, com a vantagem de ser de toma oral uma a duas vezes ao dia, com rapidez no início de ação. Esta nova classe já está disponível para os doentes portugueses e nas nossas jornadas de 2017, foi anunciada a comparticipação a 100%”.
A juntar-se aos fármacos, estes doentes estão cada vez mais a ser encaminhados para tratamentos não medicamentosos como parte complementar ao seu tratamento, e por essa razão, será também um dos temas destas jornadas.
Arsisete Saraiva explica que “os não medicamentosos vão desde o repouso articular nas crises, à crenoterapia (termas) e devem ser vistos como adjuvantes ou complemento do tratamento medicamentoso e não como alternativos”.
Entre os principais benefícios, encontram-se “a melhoria da amplitude dos movimentos e o reforço muscular generalizado, através do exercício físico com libertação de endorfinas endógenas ou de massagens, sejam manuais ou com ajuda da água em duche, jacto ou em estufa de calor”.
Contudo, “o controlo da dor pela acupuntura e outras técnicas têm tido a dificuldade de, em ensaios clínicos controlados, demonstrar inequivocamente eficácia”.
Cerca de 70.000 com artrite reumatoide
Em Portugal, são cerca de 50.000 a 70.000 as pessoas que sofrem com artrite reumatoide, uma doença reumática inflamatória crónica das articulações, mas que pode atacar, entre outros, órgãos como coração, pulmões, glândulas endócrinas, pele ou rins.
Os principais sintomas são dores nas articulações, com rigidez matinal e inchaço. Geralmente, estas dores começam nas mãos, pés, cotovelos, tornozelos e joelhos.
Esta doença pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum entre os 30 e os 50 anos e com maior prevalência no sexo feminino. Quando não tratada precoce e corretamente, acarreta, em geral, graves consequências para os doentes, traduzidas em incapacidade funcional e para o trabalho.
Nos últimos 25 anos, os doentes portugueses com artrite reumatoide têm contado com o apoio da A.N.D.A.R, cujo objetivo passa por divulgar e defender os seus interesses, visando a sua qualidade de vida e a integração social, familiar e laboral, mediante a difusão de conhecimentos e de medidas de prevenção no combate à doença.
Arsisete Saraiva destaca “a informação disponibilizada aos doentes, familiares e a todos os que procuram respostas junto da associação, o apoio médico social aos nossos associados e a luta pela comparticipação de medicamentos essenciais ao bem-estar destes doentes”.
Durante a pandemia, a associação continuou o seu trabalho, com particular relevância na distribuição de medicamentos. “Desde março que, em plena pandemia, mantemos uma parceria com uma Associação de Motards, que recolhe nas farmácias hospitalares e entrega no domicílio dos doentes medicamentos de dispensa exclusiva hospitalar. Desde então, já fizemos cerca de 300 entregas em 32 localidades, desde Portimão até Monção”.
Para o futuro, a A.N.D.A.R pretende concluir o Centro de Acolhimento e Centro de Investigação Clínica, anunciado nas jornadas do ano. “Este é o nosso grande sonho, um centro criado e pensado de raiz para doentes com artrite reumatóide, com uma imagem singular, espelho de segurança, conforto, sofisticação e tecnologia. Terá gabinetes médicos, salas de tratamentos e exames, sala de trabalho de enfermagem, ginásio, fisioterapia e hidroterapia (piscina), um núcleo de Internamento, com uma unidade de cuidados continuados integrados, um centro de dia e ainda um auditório com capacidade para 300 lugares, e sala de exposição técnica, para além do já referido Centro de Investigação.”