O consumo de medicamentos tem impacto na saúde e no ambiente, confirma um estudo pioneiro que decorre em Coimbra, que revela: uma aposta no ecodesign permitiria à indústria farmacêutica reduzir até cinco vezes os impactos ambientais do ciclo de vida das embalagens de medicamentos.
Realizado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, avalia os diferentes tipos de embalagens farmacêuticas – blister, frasco e saqueta -, com diferentes combinações de materiais, para identificar quais os pontos críticos e propor as melhores alternativas de ecodesign, que tem em conta os aspetos ambientais.
A equipa de especialistas, liderada por Fausto Freire, do Centro para a Ecologia Industrial daquela instituição, verificou “uma variação significativa de volume das embalagens comercializadas em Portugal para o mesmo medicamento e elementos supérfluos, como excesso de material. Ao avaliarmos o ciclo de vida e o ecodesign, verificámos que há potencial para reduzir até cinco vezes os impactos ambientais associados ao ciclo de vida das embalagens”:
Aos benefícios ambientais, Fausto Freire junta outros, os económicos. “Se a indústria farmacêutica apostar na melhoria do desempenho ambiental do ciclo de vida das embalagens de medicamentos, nomeadamente na redução de volume e materiais utilizados nas embalagens, nos processos de produção, transporte, e valorização de resíduos, terá também benefícios económicos”.
VALORMED apoia investigação sobre embalagens
O estudo, que deverá estar concluído no próximo ano, é financiado pela VALORMED, Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos. E para o seu diretor-geral, Luís Figueiredo, ainda que a indústria farmacêutica nunca tenha perdido de vista as questões ambientais, “concretamente em relação ao tipo de materiais utilizados no fabrico dos seus produtos, muito terá ainda a fazer no que respeita a este assunto”.
A avaliação do ciclo de vida e ecodesign permite calcular o desempenho ambiental de um produto, desde a extração de matérias-primas, produção e utilização de bens e serviços até à gestão dos resíduos daí resultantes, promovendo um equilíbrio entre as necessidades ecológicas e económicas, através da conceção adequada dos produtos, e uma Economia Circular.