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Fibrilhação auricular e morte mais comuns no primeiro ano após diagnóstico de cancro da mama

fibrilhação auricular

As mulheres têm um risco significativamente superior de desenvolver fibrilhação auricular, a mais frequente forma de arritmia, no primeiro ano após o diagnóstico de cancro da mama, revela um estudo publicado no European Heart Journal.

Estudo este que descobriu também que as mulheres que desenvolveram a doença, conhecida como fibrilhação auricular, após o diagnóstico de cancro da mama, tiveram um risco três vezes maior de morte por problemas cardíacos ou nos vasos sanguíneos no ano seguinte.

O estudo é o primeiro a avaliar os problemas de saúde e mortes associadas à fibrilhação auricular após o diagnóstico deste tipo de cancro, tendo analisado 85.423 mulheres com 66 anos ou mais com cancro da mama entre 2007 e 2014.

No período de um ano após o diagnóstico, 4% destas desenvolveram este tipo de arritmia, contra apenas 2% das que não tinham cancro.

E a incidência de fibrilhação auricular foi maior nas mulheres com doença em estágio avançado no momento do diagnóstico (15% para doença em estágio IV) do que nas que apresentavam doença em estágio inicial (6%). 

Avirup Guha, professor assistente de medicina na Case Western Reserve University, nos EUA, que liderou o estudo, considera que “tem havido um aumento significativo no número de mulheres que sobrevivem ao cancro da mama, mas que o aumento dos problemas no coração e vasos sanguíneos tornaram-se limitações a ter em conta. Embora a fibrilhação auricular em pessoas sem cancro esteja associada a um prognóstico geral mau, até agora pouco se sabe sobre os resultados da doença após o diagnóstico de cancro da mama”.

Este estudo, refere, “fornece várias informações. No entanto, as duas descobertas mais marcantes são que a fibrilhação auricular após o diagnóstico de cancro da mama aumenta as mortes por problemas cardíacos e nos vasos sanguíneos, e que a gravidade do cancro é um forte fator de risco para o desenvolvimento esta arritmia”.

O impacto do cancro no coração e a fibrilhação auricular

Quando os investigadores analisaram as mulheres que já tinham fibrilhação auricular antes do diagnóstico de cancro da mama, não encontraram um risco significativamente aumentado de morte por qualquer causa no prazo de um ano após a descoberta da existência de cancro.

Aproximadamente 85% ainda estavam vivas nesse período, que contrasta com 62% das que desenvolveram fibrilhação auricular após o diagnóstico, que apenas sobreviveram por um ano.

Depois de avaliados os fatores que podem afetar estes resultados, como idade, outras doenças, obesidade e tipo de cancro da mama, confirmou-se que as mulheres que desenvolveram fibrilhação auricular nos primeiros 30 dias após o diagnóstico de cancro da mama tiveram duas vezes mais risco de morte por qualquer causa no prazo de ano do que as que tinham esta arritmia antes de um diagnóstico de cancro.

O estudo não consegue mostrar porquê, acredita-se que a cirurgia, quimioterapia, inflamação e desequilíbrios nos processos normais do corpo causados ​​pelo cancro possam estar implicados. E os especialistas especulam que o facto de o cancro da mama mais avançado estar associado a um risco aumentado de fibrilhação auricular sugere que o cancro em si pode estar a afetar o coração.

“São necessários estudos futuros, para avaliar se a administração de medicamentos cardiovasculares a todos os novos doentes com cancro da mama reduziria o risco de fibrilhação auricular e morte. E se estes doentes devem ser monitorizados para descartar a existência deste tipo de arritmia”, refere Guha.

“Mas um ponto importante é que aquelas com fibrilhação auricular existente não tinham risco aumentado de morte após o diagnóstico de cancro da mama, em comparação com as que não desenvolveram. Isso pode acontecer por já terem sido bem tratadas do ponto de vista cardiovascular. Por isso, é possível que o envolvimento da cardio-oncologia no cuidado de pessoas com cancro da mama possa mitigar os resultados de mortalidade observados neste estudo.”

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