Pessoas com AVC apresentam quase 50% maior probabilidade de terem depressão do que aquelas que sofreram um ataque cardíaco, e as doentes com AVC têm um risco maior de depressão do que os doentes do sexo masculino, revelam dois estudos recentes.
No que os pesquisadores descreveram como um dos maiores estudos sobre depressão pós-AVC realizado até ao momento, foram feitas duas investigações usando o mesmo conjunto de dados do Medicare dos EUA, com pessoas de 65 ou mais anos, hospitalizadas por AVC isquémico ou ataque cardíaco entre julho de 2016 a 31 de dezembro de 2017.
Entre mais de 11 milhões de beneficiários do Medicare, o sistema de seguros de saúde gerido pelo Governo norte-americano, admitidos durante o período de estudo de dois anos, contaram-se 174.901 com admissão por AVC isquémico e 193.418 por ataque cardíaco. Todos foram acompanhados ao longo de 1,5 anos, tendo sido excluídas as pessoas com história prévia de depressão nos seis meses anteriores ao AVC ou ataque cardíaco.
“A depressão após um AVC é quase três vezes mais comum do que na população em geral e pode afetar até um terço dos pacientes com AVC. Pessoas com depressão pós-AVC também apresentam pior qualidade de vida e resultados”, refere a autora principal do estudo, Laura K. Stein, professora assistente de neurologia na Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai e neurologista em Nova Iorque.
No primeiro estudo, os investigadores encontraram um risco de depressão cerca de 50% superior entre os pacientes que tiveram um AVC (174.901), em comparação com os que sofreram um ataque cardíaco (193.418).
História de ansiedade foi detetada em 10,3% dos pacientes com AVC isquémico e em 11,8% dos pacientes com ataque cardíaco e para os pacientes com AVC isquémico que tinham este historial, o risco de depressão era 1,7 vezes maior do que naqueles sem ansiedade.
“Não esperávamos que o risco cumulativo de depressão permaneceria tão persistentemente elevado. Esta descoberta vai de encontro ao facto de que a depressão pós-AVC não é simplesmente uma consequência transitória das dificuldades de adaptação à vida após o AVC”, refere Stein.
Uma outra análise, realizada pelo mesmo grupo de especialistas, revelou que os pacientes com AVC do sexo feminino (90.474) apresentavam um risco 20% maior de depressão do que os pacientes com AVC do sexo masculino (84.427).
“As nossas descobertas atuais destacam a necessidade de triagem ativa e tratamento para depressão no período de tempo imediatamente após o AVC e a importância de rastrear todos os pacientes com AVC para depressão pós-AVC, incluindo mulheres e aqueles com histórico de doença mental.”