Reconhecer e atuar sobre os sintomas de ataque cardíaco está associado a um tratamento mais rápido que salva vidas, revela uma investigação apresentada no último congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia.
“Os doentes que já tinham tido um ataque cardíaco apresentaram uma probabilidade maior de conhecer os sintomas do que os que sofriam pela primeira vez, mas o reconhecimento era baixo em ambos os grupos”, afirma o autor do estudo, Kyehwan Kim, especialista do Hospital da Universidade Nacional de Gyeongsang, na República da Coreia.
“A maioria dos doentes conseguia identificar a dor no peito, mas menos de um terço conhecia os outros sintomas.”
Os sintomas de ataque cardíaco podem incluir dor no peito, mas também dor que irradia para os braços, mandíbula e pescoço, tonturas, suores frios, falta de ar, sensação de enjoo e perda de consciência, sendo essencial chamar imediatamente uma ambulância e receber tratamento rápido para sobreviver e recuperar totalmente.
Este estudo quis perceber qual a associação entre o reconhecimento dos sintomas, o tempo de tratamento e os resultados clínicos e, para isso, foi perguntado a um grupo de sobreviventes de um ataque cardíaco se reconheciam os seguintes sintomas de enfarte do miocárdio: 1) dor no peito, 2) falta de ar, 3) suores frios, 4) dor irradiada para a mandíbula, ombro ou braço, 5) tonturas/vertigens/enxaquecas/perda de consciência e 6) dores de estômago.
Estes foram depois organizados em grupos de pessoas que “reconheciam os sintomas”, no caso de conseguirem identificar pelo menos um sintoma, ou “não reconheciam os sintomas” e foi comparado o tempo de tratamento para salvar a vida e a sobrevivência entre os dois grupos
Globalmente, pouco mais de metade (52,3%) dos cerca de 11 mil doentes envolvidos neste estudo reconheceram os sintomas de um ataque cardíaco. A maioria (92,9%) conseguiu identificar a dor no peito como um sintoma, enquanto aproximadamente um terço reconheceu a falta de ar (32,1%) e os suores frios (31,4%). Pouco mais de um em cada quatro reconheceu a dor irradiada (27,4%), enquanto apenas 7,5% identificou vertigens/enxaquecas/perda de consciência e 1,3% reconheceu a dor de estômago.
Relativamente às características dos doentes, os homens tinham maior probabilidade de reconhecer os sintomas do que as mulheres (79,3% dos homens vs. 69,0% das mulheres), assim os mais jovens, aqueles com nível de escolaridade mais elevado e quem vivia com um cônjuge.
Os investigadores compararam também o tempo de tratamento e os resultados entre os dois grupos. Cerca de 57,4% dos que identificaram corretamente os sintomas de enfarte do miocárdio receberam tratamento para desobstruir as artérias e restabelecer o fluxo sanguíneo no prazo de duas horas, em comparação com apenas 47,2% dos que não reconheceram os sintomas.
Os doentes que sabia identificar os sinais do ataque cardíaco apresentaram também uma taxa de mortalidade intra-hospitalar mais baixa (1,5%) em comparação com os que não o conseguiram fazer (6,7%).
“Os resultados indicam que é necessário educar o público em geral e os sobreviventes de enfarte do miocárdio sobre os sintomas que devem desencadear a chamada de uma ambulância”, refere o autor do estudo. “No nosso trabalho, os doentes que conheciam os sintomas de um enfarte do miocárdio tinham mais probabilidades de receber tratamento rapidamente e, subsequentemente, de sobreviver. As mulheres, os doentes mais velhos, os que têm um baixo nível de educação e as pessoas que vivem sozinhas podem beneficiar particularmente com a aprendizagem dos sintomas a ter em conta”.