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Pessoas com fibrilhação auricular têm, em média, 5 doenças adicionais

fibrilhação auricular

A fibrilhação auricular é a perturbação mais comum do ritmo cardíaco, afetando mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo. Mas estes doentes não sofrem apenas deste problema: contas feitas, apresentam uma média de cinco doenças coexistentes, incluindo pressão arterial elevada, doença arterial coronária, insuficiência cardíaca, obesidade e doença renal crónica, todas elas comorbilidades com um impacto negativo na sobrevivência. Além disso, três quartos dos doentes com fibrilhação auricular tomam pelo menos cinco medicamentos. É por isso que o consórcio EHRA-PATHS, financiado pela União Europeia, está a conceber uma nova ferramenta de software para melhorar a gestão destas pessoas.

O coordenador científico, Hein Heidbuchel, considera que “A EHRA-PATHS está a desenvolver uma abordagem padronizada para assegurar que as pessoas com fibrilhação auricular recebam terapias baseadas em evidências para as comorbilidades que estão subjacentes ou complicam o seu distúrbio do ritmo cardíaco”.

Trata-se de um projeto internacional multicêntrico, centrado nos cuidados integrados para doentes com fibrilhação auricular e pelo menos uma doença crónica adicional, que está a ser coordenado pela Associação Europeia do Ritmo Cardíaco (EHRA) e que resulta de um inquérito, feito recentemente a profissionais de saúde, que mostra que a falta de um modelo de cuidados integrados estava a impedir o encaminhamento destes doentes para serviços especializados.

Os resultados das entrevistas a doentes, apresentados pela primeira vez no congresso EHRA 2023, destacaram a necessidade de cuidados integrados e de trabalho interprofissional para otimizar a saúde das pessoas com fibrilhação auricular com comorbilidades.

Os entrevistados salientaram a necessidade de uma melhor comunicação entre os cuidados primários e os hospitais; alguns tinham múltiplas consultas em locais diferentes e estavam frustrados com os cuidados não integrados e embora tivessem algum conhecimento sobre a relação entre as doenças que tinham e a fibrilhação auricular e estivessem motivados para fazer ajustamentos, faltava-lhes educação formal sobre como implementar e manter alterações no estilo de vida.

Os investigadores da EHRA-PATHS definiram 22 comorbilidades relevantes para doentes com fibrilhação auricular. Para cada um, foi criado um percurso de cuidados concisos para verificar ou excluir se uma determinada doença estava presente, para orientar a sua avaliação posterior e para assegurar a sua gestão eficaz.

As vias de cuidados estão agora a ser integradas numa ferramenta de software, que ajudará os profissionais de saúde a avaliar pessoas com fibrilhação auricular de uma forma sistemática e abrangente. “Esta é a pedra angular do objetivo global do projeto, que é melhorar os resultados destas pessoas através da deteção e gestão sistemática das condições subjacentes e através do encaminhamento ou colaboração multidisciplinar quando necessário”, afirma Heidbuchel.

Validação em ensaio com pessoas com fibrilhação auricular

O software será avaliado num estudo clínico, envolvendo 65 hospitais em 14 países europeus, centrado em 12 comorbilidades: hipertensão, hiperlipidemia, insuficiência cardíaca, excesso de peso/obesidade, insuficiência renal, tabagismo, diabetes, doença coronária, doença valvular, atividade física, doença pulmonar obstrutiva crónica/asma e consumo de álcool.

“A nossa visão é que a EHRA-PATHS demonstrará, através do seu ensaio clínico, que uma abordagem sistemática das comorbilidades, baseada numa ferramenta de software com vias de cuidados interdependentes, leva a uma melhor gestão multidisciplinar dos doentes com fibrilhação auricular. Se o projeto for bem-sucedido, terá fornecido uma ferramenta à comunidade médica para melhorar a gestão da fibrilhação auricular, e para a tornar mais uniforme em toda a Europa e fora dela.”

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