De acordo com a Organização Mundial de Saúde, todos os anos há cerca de três milhões de casos de tuberculose não diagnosticados a nível mundial, conhecidos como os “milhões em falta”. Num novo estudo, os cientistas testaram um dispositivo de diagnóstico promissor para melhorar a deteção e o tratamento da tuberculose em zonas onde esta é endémica e onde os recursos são menores. Levar o diagnóstico aos doentes que dele mais necessitam ajudará a cumprir os objetivos globais de redução do peso da tuberculose.
Uma parceria única entre a indústria e a academia, entre a equipa de investigação sobre tuberculose da Universidade de St George de Londres, o Instituto de Infeção e Imunidade, e a QuantuMDx, uma empresa de tecnologia médica sediada no Reino Unido, apresentou uma oportunidade para dar prioridade ao desenvolvimento de um teste de diagnóstico barato, rápido, preciso e portátil para analisar amostras de expetoração de doentes suspeitos.
O investigador principal, Philip D. Butcher, explica que “o peso global da tuberculose não está a melhorar. Embora seja infecciosa, é altamente tratável. No entanto, são necessários diagnósticos económicos e adequados para serem implementados no local de prestação de cuidados e chegar aos ‘milhões que faltam’. O nosso grupo de investigação sobre a tuberculose há muito que reconhece o imperativo global de melhorar o diagnóstico da doença e apercebemo-nos de que as novas tecnologias podem ser uma resposta”.
Os investigadores criaram então um protótipo e após a sua otimização, utilizando um painel de 50 amostras de expetoração caracterizadas, o desempenho foi avaliado através de um rastreio cego de 100 amostras, tendo havido uma concordância com o diagnóstico de 100% para as amostras negativas e de 87% para as amostras positivas.
Resultados que demonstram o potencial da tecnologia para fornecer uma poderosa ferramenta de preparação de amostras que pode funcionar como uma plataforma de ponta para uma melhor deteção molecular.
Jonathan O’Halloran, fundador e Diretor Executivo do QuantuMDx Group Ltd, acredita que esta tecnologia tem a capacidade de melhorar “profundamente o acesso equitativo a diagnósticos de qualidade para centenas de milhões de pessoas”.
“A colaboração entre os investigadores académicos e os cientistas da indústria biotecnológica apresenta uma via para o desenvolvimento de novas abordagens para alguns dos maiores desafios do mundo em matéria de cuidados de saúde, como a tuberculose”, refere Butcher .
“Esta nova tecnologia baseada em chips poderá levar o diagnóstico aos doentes que dele necessitam e também, através de uma deteção de casos mais acessível, evitar a propagação desta doença.”
O peso da tuberculose
A tuberculose é a 13.ª principal causa de morte em todo o mundo e, até à COVID-19, era a principal causa de morte por uma doença única infecciosa – mais do que a malária e o VIH. A nível mundial, infeta 10 milhões e mata 1,4 milhões de pessoas todos os anos, 230.000 das quais crianças.
São também necessários diagnósticos com maior sensibilidade e testes alargados de suscetibilidade aos medicamentos para combater a resistência aos medicamentos e diagnosticar casos de baixa carga bacteriana.