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Menos diagnósticos de tuberculose em Portugal põem em risco cumprimento de metas

tuberculose

O relatório da Direção-Geral da Saúde sobre o número de casos de tuberculose em Portugal, agora conhecido, dá conta de uma redução na notificação de casos: em 2020 foram registados 1.465 casos, menos 383 do que no ano anterior, em que foram notificados 1.848. Neste momento, a taxa de notificação corresponde a 14.2 por 100 mil habitantes.

“Os números provisórios de 2020 quer em Portugal, quer a nível mundial apontam para uma redução significativa do diagnóstico de tuberculose, a qual se relaciona com diversos fatores, nomeadamente as barreiras no acesso aos cuidados de saúde e a necessidade de direcionar os recursos para a resposta à pandemia por SARS-CoV2”, escreve a Diretora-Geral da Saúde numa nota introdutória.

“A nível global, e também em Portugal, prevê-se nos próximos anos, um recrudescimento do número de casos de tuberculose associado, inevitavelmente, à deterioração das condições económicas e sociais, ao aumento na demora nos dias até ao diagnóstico e ao risco de formas mais graves com consequente maior morbilidade e mortalidade”, acrescenta.

As metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde definem uma redução, até 2035, em 95% do número de mortes por tuberculose e em 90% da taxa de incidência da doença, metas que a redução da taxa de notificação, verificada em Portugal, torna mais difícil de alcançar. 

Graça Freitas defende, tendo em conta “a desaceleração na redução percentual anual da doença, associada a uma diminuição abrupta do número de casos em 2020 e ao aumento da mediana de dias até ao diagnóstico”, a necessidade de “definir novas estratégias e monitorizar resultados”.

De acordo com o relatório, em 2020 foram notificados 1.465 casos de tuberculose em Portugal, correspondendo a uma taxa de notificação de 14,2 casos por 100 mil habitantes, sendo a região de Lisboa e Vale do Tejo e a região do Norte as que apresentam uma maior incidência (18,0 e 15,2 casos por 100 mil habitantes, respetivamente).

Os distritos de Lisboa e Porto são os que apresentam maior taxa de notificação, sendo Lisboa o único que se mantém acima dos 20 casos por 100 mil habitantes (20,3 por 100 mil habitantes em 2020, em comparação com 26,4 por 100 mil habitantes em 2019).

Os homens continuam a ser mais afetados do que as mulheres (64,8% do total de casos notificados em 2020), sobretudo na idade adulta. Aproximadamente dois terços dos casos de tuberculose em 2020 ocorreram no sexo masculino (65%). A idade mediana aumentou progressivamente até 2017, altura em que atingiu os 50 anos. Em 2018 este indicador fixou-se nos 48 anos e em 2019 nos 49 anos, valor que ainda se mantém em 2020.

Ao todo, 2,8% do total de casos ocorreram em crianças com 15 anos de idade ou menos (para uma taxa de incidência de 4,78 casos por 100 mil no grupo etário de crianças dos 0 aos 5 anos, enquanto que em 2019 foi de 8,66 casos por 100 mil).

A população imigrante mantém-se como uma população de risco, com uma taxa de notificação 4,3 vezes superior à média nacional (60,6 por 100 mil em 2020) e um aumento progressivo da proporção de casos, atingindo os 27,4 % em 2020 (24,7% em 2019).

A localização mais frequente da doença continua a ser pulmonar (69,7% em 2020) e, em 2020, 77,1% dos casos  notificados foram testados para VIH (85,6% em 2019), com 9% a apresentarem coinfeção tuberculose/VIH.

Quanto ao sucesso terapêutico, verificou-se em 82,2% dos casos, tendo a letalidade atingido os 8,2%.

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