
Uma nova investigação mostra que o tratamento melhora e a confiança no hospital aumenta quando as pessoas com o mesmo diagnóstico se ajudam mutuamente. É pelo menos o que garante Anita Øgård-Repål, professora do Departamento de Ciências da Saúde e Enfermagem da Universidade de Agder (UiA), na Noruega.
A professora realizou um estudo sobre o trabalho entre pares, ou seja, pessoas que ajudam outras com o mesmo diagnóstico, tendo este estudo entrevistado pessoas infetadas pelo VIH.
“Não são profissionais de saúde, mas pessoas que vivem com o diagnóstico há vários anos. Muitos deles têm empregos a tempo inteiro e fazem-no voluntariamente. São uma grande ajuda para outros que acabaram de ser diagnosticados e vivem escondidos. Muitas pessoas infetadas com o VIH receiam ser estigmatizadas se falarem sobre o seu diagnóstico”, afirma.
As descobertas de Øgård-Repål mostram que quando as pessoas com um diagnóstico se ajudam umas às outras, o tratamento melhora e a confiança no hospital aumenta. Ela espera que o seu trabalho possa inspirar serviços de apoio para outras doenças crónicas.
Melhoria no tratamento e qualidade de vida
Na Europa, a investigação sobre o trabalho entre pares relacionado com o VIH é escassa. Para saber mais sobre as experiências das pessoas infetadas pela doença, a professora falou com 16 indivíduos de diferentes partes do país, realizou duas entrevistas a grupos de discussão e entrevistou cinco enfermeiros.
A maioria das conversas entre pares tem lugar numa sala privada do hospital ou digitalmente e destina-se a ajudar os doentes a ver que podem ter uma vida normal. “Vemos que estas conversas são muito importantes para eles. O colega torna-se um modelo de como viver bem com o diagnóstico”, afirma a investigadora da UiA.
Como parte do trabalho entre pares, os enfermeiros e os médicos também estão disponíveis para conversas e aconselhamento sobre medicação, podendo fornecer conhecimentos atualizados e trocar experiências com os seus doentes.
“Muitas pessoas pensam que vão morrer de VIH e podem não saber que é possível obter bons cuidados médicos”, afirma Øgård-Repål.
Segundo ela, existem muitos preconceitos sobre o VIH que não são verdadeiros. “É uma doença sexualmente transmissível, mas o risco de infeção é pequeno, tanto com como sem medicação. Muitas pessoas pensam que vão ficar fisicamente mais fracas, mas muitas levam uma vida normal e não parecem doentes. Ainda assim, ficam mais vulneráveis a doenças como a diabetes, o cancro e as doenças cardiovasculares”, diz a investigadora.
A investigadora descobriu que conhecer outra pessoa seropositiva, quer seja norueguesa ou de uma minoria, ajudou a melhorar a qualidade de vida e a confiança na informação de saúde que receberam.
“Recebem informações sobre o diagnóstico dos profissionais de saúde, mas estas ganham mais credibilidade quando os pares se encontram com eles. É mais fácil para eles compreenderem quando a informação é explicada por alguém na mesma situação, que viveu com ela durante muito tempo”, afirma.
Nalguns casos, porém, o medo pode ser tão grande que as pessoas não querem ajuda. Preocupa-os o que pode acontecer se a notícia do seu diagnóstico se espalhar na comunidade local. “Aqueles que se abriram a conversas não sofreram tantos dias difíceis. Com o ambiente seguro de um hospital, não pensavam que alguém os iria julgar”, afirma.