Não são raras as vezes que a ficção imita a realidade. O oposto é que é mais difícil, ainda que nem toda a gente consiga separar as duas coisas: realidade e ficção. E é para isso que alerta um novo estudo, que revela que as séries de medicina, como Anatomia de Grey, podem estar a prejudicar a nossa saúde.
Como? A resposta é simples: porque “cultivam falsas expectativas entre os doentes e as suas famílias”, lê-se no trabalho publicado na revista Trauma Surgery & Acute Care, que decidiu fazer uma comparação entre a realidade dos tratamentos e da recuperação e a série.
O estudo colocou dois médicos da urgência e uma enfermeira a ver todos os 269 episódios das 12 primeiras temporadas de Anatomia de Grey, com um enfoque especial nos 290 doentes politraumatizados que deram entrada no Hospital Seattle Grace/Grey Sloan Memorial.
Foram avaliados dados como a idade, sexo, o tempo de internamento ou a gravidade dos ferimentos, que foram comparados com aqueles que integram a base do National Trauma Databank (NTD), o maior registo norte-americano de situações de trauma.
As diferenças entre uns e outros saltam à vista. Não só os casos atendidos no Seattle Grace eram mais graves, como a sua passagem da urgência ao bloco cirúrgico era muito mais rápida.
A esta conclusão junta-se outra: as pessoas na série ou morrem, ou permanecem no hospital durante um curto período de tempo antes de lhes ser dada alta e de regressarem a casa.
A todo, 22% dos doentes politraumatizados morreram, quando comparado com 7% dos casos do NTD. E a realidade é que o período de recuperação é muito mais longo do que aquele retratado pela série.