Químicos usados em revestimento de pisos, móveis ou pesticidas estão presentes em elevadas concentrações nos lares de idosos nacionais.
São usados em revestimento de pisos, móveis, equipamentos eletrónicos, produtos de limpeza, produtos para cuidados pessoais e pesticidas. E, em Portugal, estes químicos estão presentes em elevadas concentrações nos lares de idosos nacionais.
A afirmação, em jeito de alerta, é feita por um estudo em que participou a Unidade de Investigação em Epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que chama a atenção para o impacto destes compostos químicos na saúde dos idosos, “uma população vulnerável e suscetível”, explica Ana Sofia Mendes, investigadora do ISPUP e uma das autoras do trabalho.
De acordo com os especialistas, os compostos químicos semi-voláteis libertam-se para o ar e podem fixar-se no pó, nas superfícies e no ar, persistindo por muitos anos. Como se bioacumulam nas pessoas, têm também impacto na saúde humana.
Necessário proteger as populações mais vulneráveis
A investigação, publicada na revista Environmental Pollution, avaliou os níveis de compostos químicos orgânicos semi-voláteis em pó presente nos lares de idosos em Portugal e nos Estados Unidos, “o primeiro estudo que apresenta informações importantes sobre a exposição a estes compostos químicos em ambientes interiores”.
Foram, ao todo, analisados os níveis destas substâncias em 11 lares de idosos em Portugal e três nos EUA, uma análise que permitiu verificar a presença de ésteres organofosforados (OPEs), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs) e retardadores de chama bromados (BRFs), químicos semi-voláteis que podem ser perigosos.
Uma análise que mostra também a importância de “reforçar as avaliações de exposição pessoal entre os residentes destas instalações. Tal é fundamental para proteger esta população, que tem um sistema imunológico mais enfraquecido e uma maior prevalência de doenças crónicas e de problemas respiratórios, o que a torna mais vulnerável a complicações de saúde associadas à poluição do ar interior”, refere a especialista.
“As concentrações de poluentes poderão ter um impacto negativo sobre a saúde dos idosos, conduzindo a um aumento no uso de medicação, visitas ao médico, admissões em hospitais e mortes prematuras”, acrescenta.