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Mais de 60% das pessoas com risco de AVC e doença cardíaca têm gordura abdominal

gordura abdominal e risco cardiovascular

Quase dois terços das pessoas com risco elevado de doença cardíaca e AVC têm excesso de gordura na barriga, revelam os dados da investigação EUROASPIRE V, da Sociedade Europeia de Cardiologia. Gordura que prejudica o coração, mesmo o das pessoas que não têm excesso de peso ou obesidade.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na Europa. Todos os anos, o Velho Continente contabiliza mais de 11 milhões de novos casos de doença cardiovascular e 3,9 milhões de mortes a estas associadas. E certo é também que a eliminação de comportamentos de risco evitaria pelo menos 80% destas doenças.

Apresentado no Congresso Mundial de Cardiologia e Saúde Cardiovascular, que decorre no Dubai, o estudo verificou também que menos da metade (47%) daqueles que tomavam medicamentos para a hipertensão arterial atingiram a meta de redução dos valores, o mesmo acontecendo entre os que tomavam medicação para baixar o colesterol.

“A investigação revela que um grande número de indivíduos com risco elevado de doença cardiovascular têm hábitos de vida pouco saudáveis ​​e pressão arterial descontrolada, lípidios e diabetes”, explica Kornelia Kotseva, especialista do Imperial College London, Reino Unido e presidente da direção do EUROASPIRE, uma série de estudos transversais sobre a prevenção de doenças cardiovasculares realizados em vários países, entre os quais Portugal.

Gordura abdominal presente em 64% dos casos

Do estudo participaram 2.759 pessoas com idade inferior a 80 anos, sem história de doença arterial coronária ou outra doença aterosclerótica, mas com risco alto de doença cardiovascular e a tomar medicação para a hipertensão, colesterol ou diabetes.

Convidados para uma entrevista e exame clínico, foram-lhes feitas perguntas sobre os seus hábitos tabágicos, dieta, atividade física, pressão arterial, lípidios e diabetes e recolhidos dados como a altura, peso, circunferência da cintura, pressão arterial, níveis de colesterol (LDL) e níveis de açúcar no sangue.

Dados que permitem concluir que quase dois terços (64%) tinham uma circunferência da cintura superior ao devido – 88 cm nas mulheres e 102 cm nos homens.

Ao todo, cerca de 37% apresentavam excesso de peso e 44% eram obesos; quase um em cada cinco participantes (18%) eram fumadores e apenas 36% atingiram o nível de atividade física recomendado de pelo menos 30 minutos, cinco vezes por semana.

É preciso uma maior aposta na prevenção das doenças carciovasculares

Os números levam Kornelia Kotseva a afirmar que “os clínicos gerais devem procurar, de forma proativa, fatores de risco cardiovascular, de modo a que possam proporcionar um tratamento e aconselhamento abrangentes”.

“Precisam de ir além do tratamento dos fatores de risco que conhecem e investigar sempre o tabaco, a obesidade, a dieta pouco saudável, a inatividade física, a pressão arterial, o colesterol e a diabetes”, afirma, acrescentando que, muitas vezes, “as pessoas não sabem que precisam de tratamento”.

“Estes dados deixam claro que mais esforços devem ser feitos para melhorar a prevenção cardiovascular em pessoas com risco elevado. A nossa análise destaca a necessidade de se investir em prevenção.”

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