Scroll Top

Pandemia influencia – e muito – decisões dos portugueses sobre férias

férias em tempos de pandemia

O impacto da pandemia de COVID-19 no turismo é visível a vários níveis. Aquilo que um estudo conjunto do Instituto Politécnico de Viseu e da Universidade de Coimbra quis perceber foi de que forma o novo coronavírus influencia a sensação de segurança e os planos de viagens dos portugueses. E conclui que influencia, e muito, as decisões associadas ao lazer e às férias.

Realizado a partir de dados recolhidos ao longo dos últimos três meses por questionário online, o estudo decorreu entre 02 de fevereiro e 02 de maio, sendo o primeiro a analisar os efeitos da atual pandemia na perceção de segurança para viajar no País e estrangeiro e para a prática de várias atividades de lazer e turismo, bem como o medo e preocupação relacionados com o contágio e medidas/restrições para o evitar.

Os resultados mostram que a segurança importa para os portugueses, sendo mesmo “o atributo mais importante para a escolha de um destino, em termos globais, mas é ainda mais crucial quando se consideram as viagens internacionais”.

Segurança que é posta em causa com o novo coronavírus. É devido a este que os inquiridos consideram, por isso, “arriscadas as viagens para férias, deslocações de trabalho, viagens com a família ou para visita de amigos e familiares dentro do País”. Respostas que são ainda mais expressivas para as viagens no estrangeiro.

Isto apesar de considerarem “que medidas de segurança adicionais nos aeroportos tornam as viagens mais seguras” cá dentro e lá fora.

Férias nem cá dentro, nem lá fora

A insegurança é também grande no que diz respeito à prática de atividades de lazer e turismo.

De acordo com os dados do estudo, a ida a casinos ou locais de diversão noturna é considerada por 80% dos respondentes como atividades muito inseguras.

Entre 60% a 80% classificam também como muito inseguras as visitas a parques temáticos, galerias, museus e monumentos, centros urbanos e centros históricos; a participação em eventos como concertos, festivais, eventos desportivos ou religiosos; a prática de desportos em espaços fechados; fazer refeições em restaurantes, ficar em alojamentos hoteleiros, participar em visitas turísticas ou fazer compras em centros comerciais e mercados.

Já a ida a praias, rios e lagos é uma atividade menos insegura, segundo os participantes no estudo.

A ida a parques naturais, percursos pedestres e a prática de desportos de natureza são as únicas atividades consideradas como relativamente seguras pelos portugueses no contexto da pandemia. 

Medo do contágio

No que diz respeito ao medo e preocupação relacionados com o contágio, 85% dos inquiridos sentem que cidadãos e turistas poderão ser vítimas de contágio e que esse receio se aplica a si e aos seus familiares.

Apesar desta preocupação, o nervosismo demonstrado é moderado, referindo também que sentem pouco ou nenhuma necessidade de informação adicional sobre medidas de proteção em relação à COVID-19.

Finalmente, cerca de 50% dos respondentes afirmam que vão mudar vários aspetos da sua vida e rotinas quotidianas por causa da doença, mas no que concerne aos planos de férias e viagens a percentagem sobe para 65%.

Receios são mais vincados na geração mais velha, com aqueles com idades entre os 40 e os 65 anos a sentirem maior necessidade de informação adicional para se protegerem de contágio.

Medidas de restrição: sim ou não?

Questionados sobre quais as medidas/restrições com que os residentes nacionais mais concordavam, os resultados indicam que, independentemente da faixa etária, são unânimes sobre a obrigação de quarentena para os casos diagnosticados (95%) e um maior controlo das fronteiras (86%).

É também elevada a concordância com as limitações, não só em Portugal como em todos os países, para a entrada de estrangeiros, principalmente de zonas afetadas pela doença (62%-64%).

As respostas são mais moderadas na aceitação de medidas mais impositivas, como fecho total de fronteiras (53,5%) ou obrigação de todos os cidadãos serem examinados por equipas médicas (52,5%).

No que respeita à possibilidade de forças de segurança pararem pessoas aleatoriamente nas ruas para serem examinadas, a discordância é maior, com quase 40% dos participantes a afirmarem a sua opinião contra, 34% a favor e 26% neutra.

Este estudo, que envolve o Centro de Investigação em Serviços Digitais do Instituto Politécnico de Viseu e o Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra, está ainda a decorrer e permitirá num futuro próximo apurar os impactos da COVID-19 não só em Portugal, mas noutras regiões do mundo. 

Posts relacionados