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Mais de 1,2 milhões de pessoas vão morrer com cancro na UE em 2023

cancro

Um total de 1.261.990 pessoas vão morrer de cancro em 2023 na União Europeia (UE-27), revelam os dados publicados na principal revista científica sobre este tema, Annals of Oncology.

Investigadores liderados por Carlo La Vecchia, professor na Universidade de Milão, em Itália, estimam uma queda de 6,5% nas taxas de mortalidade por cancro nos homens e uma queda de 3,7% nas mulheres entre 2018 e 2023.

Os especialistas preveem que as taxas de mortalidade dos dez tumores mais comuns continuarão a diminuir na maioria dos países europeus em 2023, embora o número de pessoas a morrer aumente devido ao envelhecimento da população – uma maior proporção de pessoas idosas na população significa que são mais suscetíveis desenvolver e morrer de cancro.

Em comparação com o pico nas taxas de mortalidade por cancro, verificado em 1988, os investigadores calculam que quase 5,9 milhões de mortes terão sido evitadas nos 35 anos entre 1989 e 2023 na UE-27.

“Se a atual trajetória de declínio das taxas de mortalidade por cancro continuar, então é possível que haja uma redução adicional de 35% até 2035”, refere La Vecchia. “Mais fumadores a deixar de fumar contribuem para estas tendências favoráveis. Além disso, é necessário fazer maiores esforços para controlar a crescente epidemia de excesso de peso, obesidade e diabetes, consumo de álcool e infeções, juntamente com melhorias no rastreio, diagnóstico precoce e tratamentos.

“Os avanços no controlo do tabaco refletem-se nas tendências favoráveis do tumor do pulmão, mas mais poderia ser feito a este respeito, sobretudo entre as mulheres, uma vez que as taxas de mortalidade por este tipo de tumor continuam a aumentar entre elas. Nenhuma morte por cancro do pulmão foi evitada nas mulheres durante o período entre 1989 e 2023″, acrescenta.

Ainda de acordo com o especialista, “o cancro pancreático é também motivo de preocupação, uma vez que as taxas de mortalidade por esta doença não diminuirão entre os homens e aumentarão 3,4% nas mulheres na UE. Fumar pode explicar entre cerca de um quarto a um terço destas mortes, e as mulheres, sobretudo nas faixas etárias média e alta, não deixaram de fumar tão cedo como os homens”.

Menos mortes por cancro

Os investigadores analisaram as taxas de mortalidade por cancro nos 27 Estados-Membros da UE como um todo e separadamente no Reino Unido.

Analisaram também os cinco países mais populosos da UE (França, Alemanha, Itália, Polónia e Espanha) e, individualmente, o cancro do estômago, intestinos, pâncreas, pulmão, mama, útero (incluindo o colo do útero), ovário, próstata, bexiga e leucemias para homens e mulheres.

La Vecchia e os seus colegas recolheram dados sobre mortes nas bases de dados da Organização Mundial de Saúde e do Eurostat de 1970 a 2018 para a maior parte da UE-27 e do Reino Unido, sendo este o 13º ano consecutivo em que os investigadores publicam estas previsões.

Nos países da UE-27, prevê-se uma taxa uniformizada por idade de 123,8 mortes por 100.000 homens até ao final de 2023. Nas mulheres, a taxa de mortalidade uniformizada por idade será de 79,3 por 100.000.

As taxas de mortalidade por cancro vão ser inferiores para todos os tumores nos homens na UE-27 e no Reino Unido e serão também mais baixas para as mulheres no Reino Unido.

Entre as mulheres da UE, as taxas de mortalidade aumentarão em 3,4% para quase seis por 100.000 para o cancro do pâncreas, e para pouco mais de 1% para 13,6 por 100,00 para o do pulmão.

O exemplo do pulmão

Quando os investigadores analisaram especificamente as taxas de mortalidade por cancro do pulmão em cinco países da UE, bem como no Reino Unido, descobriram que, embora se preveja uma queda nas taxas de mortalidade masculina para os seis países, para as mulheres elas irão aumentar quase 14% em França, 5,6% em Itália e 5% em Espanha.

Entre as mulheres de diferentes grupos etários, os investigadores constataram uma diminuição das taxas de mortalidade prevista por cancro do pulmão entre as pessoas com idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos, mas um aumento nas pessoas com idades compreendidas entre os 65 e os 75 anos, e consequentemente um aumento global.

“Isto deve-se ao facto de as mulheres com idades compreendidas entre os 45 e os 65 anos, nascidas nas décadas de 1960 e 1970, terem fumado menos e parado mais cedo do que as nascidas na década de 1950, que estavam na casa dos vinte anos na década de 1970, quando o tabagismo entre as mulheres jovens era mais prevalecente”, esclarece Eva Negri, professora da Universidade de Bolonha e colíder da investigação.

O cancro colorretal (do intestino) será o terceiro maior assassino de mulheres tanto na UE como no Reino Unido: oito e dez por 100.000, respetivamente. O da próstata será o terceiro maior assassino para os homens: 9,5 e 11,2 por 100.000, na UE e no Reino Unido, respetivamente.

Os investigadores dizem que programas de rastreio organizados utilizando tomografia computorizada de baixa dose (TAC) poderiam reduzir as mortes por cancro do pulmão em até 20%. Contudo, não existem tais programas organizados na Europa.

Sublinham ainda o papel que o excesso de peso e a obesidade desempenham em cancros como o da mama pós-menopausa, cancro do colo do útero, do estômago e colorretal.

Embora as taxas de mortalidade por cancro do estômago estejam a diminuir em geral, sobretudo devido a melhores métodos de conservação dos alimentos, dietas mais saudáveis e um declínio na infeção por Helicobacter pylori, aproximadamente um terço dos cancros do estômago ocorrem agora no cárdia, a entrada no estômago, e estão associados ao excesso de peso e obesidade e, consequentemente, ao refluxo, que é um fator de risco para o desenvolvimento do cancro neste local.

Para o cancro colorretal, as taxas de mortalidade estão a diminuir na UE, mas o declínio abrandou no Reino Unido.

Os investigadores advertem, finalmente, que as suas estimativas não têm em conta a pandemia de COVID, que ocorreu após as datas em que se encontravam disponíveis dados sobre mortes por cancro. “A pandemia de COVID-19 pode ter um efeito na mortalidade por cancro em 2023 como resultado de visitas e procedimentos atrasados, influenciando tanto a prevenção e tratamento secundários, como a gestão da doença do cancro”, escrevem.

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