Os dados mostram também uma importante percentagem de mulheres com cancro do pulmão que não são fumadoras, reforçando assim a importância de outros fatores para além do tabagismo.
O fumo passivo, por exemplo, é um fator de risco relevante para mulheres não fumadoras, visto que 64% das mortes por cancro do pulmão associadas ao fumo passivo correspondem a mulheres.
Está ainda a ser estudada a hipótese de as mulheres poderem ter diferentes fatores de risco genético para cancro de pulmão, como não serem capazes de reparar o ADN danificado ou terem genes anormais relacionados com o desenvolvimento de cancro, assim como está também a ser investigada a eventual influência de fatores hormonais, como é o caso do papel dos estrogénios.
“Neste Dia Internacional da Mulher queremos sensibilizar o público em geral, e em particular o feminino, para esta tendência preocupante”, refere Carina Gaspar, pneumologista e membro do GECP. “Uma vez que as mulheres jovens não fumadoras não são habitualmente consideradas como parte do grupo de risco para esta patologia, é importante reconhecer os sintomas que devem motivar o recurso ao médico, bem como realizar check-ups regulares que, por sua vez, vão possibilitar diagnósticos precoces com maiores probabilidades de sucesso e cura.”
Tabaco e cancro do pulmão: a associação perigosa
Com esta campanha o GECP pretende ainda alertar que não fumar continua a ser a melhor maneira de evitar o cancro do pulmão. Além do tabaco, também os novos dispositivos, como os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido, devem ser evitados.
Limitar o tempo que se passa em espaços onde se fica exposto ao fumo passivo é outra das recomendações do GECP, bem como praticar exercício físico e optar por uma alimentação equilibrada.
“A somar a todos os benefícios que deixar de fumar traz à nossa saúde, nunca é demais relembrar que a cessação tabágica também provoca mudanças visíveis em alguns aspetos físicos, tais como a aparência da pele, o cabelo mais brilhante e os dentes menos amarelos”, acrescenta Carina Gaspar.
Para o GECP é ainda essencial que toda a comunidade médica, e em especial a Medicina Geral e Familiar, esteja fortemente envolvida na prevenção e diagnóstico precoce desta patologia, uma vez que, para já, ainda não existe nenhum rastreio implementado a nível nacional. É também importante a adoção de medidas que continuem a desincentivar a iniciação do consumo e a promover a cessação tabágica.