Numa altura em que, por cá, se discute o eventual alargamento da comparticipação da vacina contra o HPV aos rapazes, um estudo publicado na revista The Lancet revela que a vacina que protege do cancro do colo do útero é muito mais eficaz do que o esperado, com benefícios que ultrapassam as pessoas vacinadas.
Ou seja, a vacina não só reduz as taxas de infeção por HPV e a presença de células pré-cancerígenas no colo do útero das pessoas que recebem a vacina, como reduz ainda a taxa de doenças relacionadas com o HPV em pessoas que não receberam a vacina.
O HPV, ou papilomavírus humano, é a principal causa de cancro do colo do útero. Mas não só. O vírus pode também causar outros tipos de cancro, incluindo do pénis, cabeça e pescoço, além de verrugas genitais.
Introduzida pela primeira vez em 2006, a vacina foi aprovada em Portugal em 2018 tendo, em dez anos, sido vacinadas cerca de 750 mil jovens raparigas. No mundo, mais de 115 países e territórios implementaram a profilaxia nos seus programas de vacinação.
Redução acentuada de casos de HPV, responsável por cancro do colo do útero
O trabalho da The Lancet olhou para para 65 estudos, referentes a qualquer coisa como 60 milhões de pessoas e revelou uma queda de 83% nos casos de HPV 16 e 18 nas meninas com idades entre os 15 e os 19 anos e de 66% nas mulheres entre os 20 e os 24.
Os casos de verrugas genitais caíram 67% nas meninas de 15 a 19 anos (54% em mulheres dos 20 aos 24), tendo o crescimento pré-cancerígeno caído 51% nessa mesma faixa etária (e 31% nas mulheres dos 20 aos 24).