A Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC) vai investir 20 mil euros em projetos de investigação sobre cancro de mama e reutilização de águas provenientes de estações de tratamento. Os projetos – denominados “M2AI: O papel do microambiente e microbioma no tratamento dos carcinomas de mama triplos negativos ‐ aliados ou inimigos?” e “SOLarClean: Uso da radiação solar para a remoção de antibióticos de águas” – são os vencedores da primeira edição do I2D – Igniting InterDisciplinarity.
A duas investigadoras responsáveis pelos projetos – Diana Martins e Diana Lima, respetivamente – assinaram as cartas compromisso que lhes vão garantir 10 mil euros a cada para, nos próximos 18 meses, desenvolverem o seu trabalho.
O projeto “M2AI: O papel do microambiente e microbioma no tratamento dos carcinomas de mama triplos negativos ‐ aliados ou inimigos?” pretende estudar as opções terapêuticas em doentes com carcinoma da mama triplo negativo, um subtipo de cancro da mama mais frequente em mulheres jovens, que representa cerca de 15% de todos os casos de cancro da mama invasivos e para o qual a quimioterapia é, atualmente, a única opção terapêutica disponível.
Dada a escassez de terapias eficazes para além da quimioterapia, o cancro de mama triplo negativo é, atualmente, o subtipo de cancro de mama com pior prognóstico, apresentando uma taxa elevada de proliferação e incidência de metástases.
Estudando o papel do microambiente tumoral e do microbioma na resposta ao tratamento das doentes com cancro da mama triplo negativo, este projeto procura obter dados que, futuramente, sejam úteis para o prognóstico da doença e adequação de intervenções terapêuticas de precisão.
A equipa responsável pelo projeto “SOLarClean: Uso da radiação solar para a remoção de antibióticos de águas”, por sua vez, propõe-se a desenvolver uma estratégia de tratamento de águas considerada sustentável, através de fotocatalisadores magnéticos à base de carbono.
O objetivo passa por remover, de forma eficiente, produtos farmacêuticos (como antibióticos, perigosos para o meio ambiente e para a saúde humana) da água tratada nas ETARs, permitindo a sua reutilização de forma segura e evitando o aumento da resistência antimicrobiana.
A aplicação da fotocatálise com recurso à radiação solar pode substituir tratamentos terciários pré-existentes considerados dispendiosos ou nocivos. Este projeto vai ao encontro da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável que visa o aumento da reciclagem e reutilização segura da água até 2030 e reconhece a poluição da água como um problema prioritário.
Lançado em 2023 pela Presidência da ESTeSC-IPC, o I2D apoia projetos de investigação de caráter exploratório, implementados em cocriação entre, pelo menos, dois departamentos da Escola e focados em ideias originais que visem lançar novas linhas de investigação interdisciplinar.
“Fazer ciência não é fácil, nem é algo que se consiga impor. O objetivo desde prémio é colocar os departamentos da ESTeSC-IPC a comunicar entre si e mostrar que é possível fazer ciência, mesmo com pouco dinheiro”, explica o presidente da ESTeSC-IPC, Graciano Paulo.
O balanço da primeira edição do I2D – Igniting InterDisciplinarity é positivo e Graciano Paulo anunciou já que, no próximo ano, haverá um reforço da verba atribuída a este programa. “Não tenho dúvidas de que, com esta aprendizagem, com este início, o futuro só pode ser promissor”, afirma.