É no dia 1 de dezembro que se assinala o Dia Mundial de Luta contra a SIDA, uma data em que a sensibilização e educação sobre os desafios que subsistem para alcançar os objetivos de acabar com o VIH/SIDA até 2030 são a palavra de ordem. Jeffrey Kwong, professor da Escola de Enfermagem da Rutgers University-New Brunswick, nos EUA, refere os avanços e os desafios atuais, associados ao envelhecimento dos doentes.
“Na última década, os cuidados e o tratamento para o VIH sofreram grandes alterações”, refere o especialista. “Em primeiro lugar, os tratamentos que temos disponíveis para o VIH são dos melhores que alguma vez tivemos e fazem um trabalho incrível no controlo do vírus. Além disso, a maioria dos medicamentos é geralmente bem tolerada e muitos indivíduos podem tomar apenas um comprimido por dia ou, em alguns casos, uma injeção de dois em dois meses.”
De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, em 2022 contavam-se cerca de 39 milhões de pessoas a viver com sida em todo o mundo “e as pessoas que vivem com o VIH estão agora a envelhecer”, alerta Kwong. “As projeções atuais estimam que, em 2030, cerca de 70% das pessoas que vivem com VIH terão 50 anos ou mais. Este facto irá provocar um aumento da procura de médicos, sistemas de saúde e decisores políticos que tenham em consideração as necessidades específicas desta população.”
E o que é que isto pode significar? “Os adultos mais velhos com VIH enfrentam muitos desafios. Verificamos uma maior prevalência de múltiplas doenças crónicas, tais como doenças cardíacas, diabetes, doenças renais, hipertensão, cancro e depressão, que ocorrem em idades mais precoces em comparação com as pessoas sem VIH. Estes doentes estão a ser tratados por uma variedade de especialistas que podem não estar necessariamente familiarizados com o VIH ou que podem não ter conhecimentos sobre o impacto do tratamento do vírus noutras doenças. E há uma escassez de dados e de provas clínicas que ajudem a fundamentar as nossas decisões”, acrescenta Kwong.
No que diz respeito aos tratamentos, o especialista acreditar estamos “à beira de uma transição completa do panorama do tratamento do VIH”, nomeadamente no que diz respeito ao tratamento de ação prolongada. “Uma opção que está disponível para pessoas que estão a fazer bem o seu tratamento oral e que podem não querer tomar comprimidos todos os dias é um regime antirretroviral de ação prolongada, que permite que recebam um tratamento injetável a cada oito semanas. Isto é verdadeiramente notável quando se considera que, quando o primeiro tratamento para o VIH [AZT] foi aprovado, em 1987, as pessoas tinham de tomar comprimidos de quatro em quatro horas, 24 horas por dia, e algumas pessoas tinham de tomar 12 ou mais comprimidos diferentes por dia.”
Ainda de acordo com o especialista, “estão também a ser investigadas novas formas de tratamento, como medicamentos implantáveis que podem durar meses a fio. Além disso, temos novas classes de medicamentos que estão a ser investigados e que, esperemos, podem vir a estar disponíveis em breve. Isto dá realmente às pessoas com VIH a opção de encontrar um regime que se enquadre nas suas rotinas”.
Em termos de prevenção, o médico acredita que “estamos a assistir a êxitos semelhantes. A profilaxia oral pré-exposição ao VIH (PrEP) está disponível há mais de uma década e permite que as pessoas sem VIH tomem antirretrovirais para reduzir o risco de transmissão do VIH”.