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Carne vermelha e sal a mais, cereais integrais a menos: os maus hábitos que estão a custar anos de vida aos portugueses

hábitos pouco saudáveis

Existe uma tendência crescente da proporção de utentes com pré-obesidade (16,7%) e obesidade (11,9%) nos Cuidados de Saúde Primários, a nível nacional, em 2019, revelam os dados do relatório anual do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), que identificam os hábitos alimentares pouco saudáveis dos portugueses.

Os dados revelam que o elevado consumo de carne vermelha, o baixo consumo de cereais integrais e a elevada ingestão de sódio  destacam-se como os três principais fatores que contribuem para a perda de anos de vida saudável da população portuguesa. 

Não só para a perda de anos saudáveis, mas também para a mortalidade. Contas feitas, os hábitos alimentares desadequados são, segundo o relatório, o quarto fator de risco que mais contribuiu para o total de mortes (11,4%), sendo uma vez mais o baixo consumo de cereais integrais, leguminosas e fruta, o elevado consumo de carne vermelha e elevada ingestão de sódio entre os cinco primeiros fatores de risco alimentares associados a esta mortalidade.

Hábitos durante os tempos de confinamento

Em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, a Direção-Geral da Saúde realizou um Inquérito Nacional que permitiu a descrição de comportamentos alimentares e de atividade física, bem como de acesso a informação sobre estas dimensões comportamentais, durante o período
de confinamento social, decorrente do estado de Emergência Nacional devido à pandemia da COVID-19.

A recolha de dados, feita entre 9 de abril a 4 de maio, de uma amostra de 5874 indivíduos (com 16 ou mais anos)
em contenção social, revela que a COVID-19 parece ter contribuído para uma alteração nos hábitos alimentares de uma parte significativa da população nacional inquirida.

Quase metade da população inquirida (45,1%) reportou ter mudado os seus hábitos alimentares neste período e 41,8% diz ter sido para pior. 

As razões para esta alteração têm a ver com as medidas impostas pelo confinamento, que obrigaram a alteração no horário de trabalho (17,6%) e no modelo de compras dos alimentos (34,3%).

Um segundo conjunto de razões parece associado ao stress vivido (18,6%) e a mudanças no próprio apetite (19,3%) e, um terceiro eixo de explicação, aparece associado ao receio com a situação económica (10,3%).

Um em cada três portugueses (33,2%) manifestou preocupação quanto a uma possível dificuldade no acesso aos alimentos e 8,0% indicou mesmo ter dificuldades económicas no acesso a alimentos.

Ainda em relação a este período de confinamento, as mudanças no consumo alimentar relacionam-se essencialmente com o aumento do número de refeições feitas em casa, reduzindo muito a utilização das refeições pré-preparadas (40,7%) ou take-away (43,8%).

No entanto, os inquiridos dizem ter consumido mais snacks doces (30,9%), aumentando também o consumo de fruta (29,7%) e hortícolas (21%).

A maior parte dos inquiridos refere ter passado a cozinhar mais (56,9%), mas infelizmente também a petiscar mais (31,4%), facto que, associado ao sedentarismo, pode explicar a perceção de peso aumentado durante este período, reportado por 26,4% da população.

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