Um inquérito feito junto de adultos com obesidade de seis países da Europa Ocidental destaca a luta que as pessoas com obesidade enfrentam para perder peso e lança uma nova luz sobre o que funciona e o que não funciona quando se trata de acabar com os quilos a mais.
O estudo, apresentado no Congresso Europeu de Obesidade (ECO), indica “que, embora a maioria dos adultos com obesidade esteja a tentar ativamente reduzir o seu peso, usando uma variedade de estratégias, a maioria não tem sucesso”, explica Marc Evans, um dos autores do trabalho e especialista do University Hospital, no Reino Unido.
“Isso realça a necessidade de maior suporte e soluções para controlo de peso. E, embora o impacto da obesidade na saúde seja bem conhecido, a nossa descoberta de que uma proporção considerável de adultos com obesidade apresenta risco elevado de hospitalização ou cirurgia devido a várias doenças subjacentes, sem dúvida adiciona um sentimento de urgência ao combate à crescente epidemia de obesidade na Europa.”
Para este estudo, os investigadores recolheram dados sobre características demográficas, comorbilidades, tratamentos, uso de assistência médica, estratégias de perda dos quilos a mais e mudança de peso no último ano de adultos (com 18 anos ou mais) com obesidade (IMC 30 kg/m² ou superior) em França, Alemanha, Itália, Espanha, Suécia e Reino Unido, tendo os dados sido recolhidos entre maio e junho de 2021.
Os entrevistados foram questionados sobre os diferentes métodos que usaram para perder peso, incluindo programas comerciais, medicamentos antiobesidade, dietas com restrição ou controlo de calorias, exercícios, suporte de serviços de apoio e aplicações digitais de saúde.
No total, foram incluídas 1.850 indivíduos pessoas obesas, com uma idade média de 53 anos, 52% do sexo feminino, que relataram ter recorrido a serviços de saúde primários ou secundários nos últimos 12 meses.
A luta pela perda de peso
O trabalho verificou que 79% dos entrevistados relataram ter tentado emagrecer no ano anterior, tendo os métodos de perda de peso mais comuns sido dietas com restrição ou controlo de calorias (72% dos participantes), programas ou cursos de exercícios (22%) e tratamentos farmacêuticos (12%). No entanto, três quartos dos participantes que tentaram emagrecer não alcançaram uma perda clinicamente significativa, definida como pelo menos 5% do peso corporal.
O grau de sucesso variou muito entre as estratégias usadas, com pouco menos de um terço dos entrevistados a relatar uma perda clinicamente significativa ao usar um serviço de perda de peso ou fazer um tratamento farmacêutico. No entanto, um terço dos entrevistados também relatou ganho de peso (mais de 5% do peso corporal), apesar das tentativas de várias estratégias.
Notavelmente, a prática de exercício e as dietas com restrição calórica foram as menos benéficas, no que diz respeito à obtenção de perda de peso clinicamente significativa, com apenas cerca de 20% dos entrevistados a atingirem esse nível de através destas abordagens.
Embora a cirurgia para perda de peso seja atualmente considerada a abordagem mais eficaz para redução de peso clinicamente significativa, muito poucos entrevistados no estudo foram submetidos a qualquer procedimento cirúrgico ness sentido.
Viver com obesidade
O estudo indica ainda que os adultos que vivem com obesidade têm de enfrentar muitas complicações relacionadas com a obesidade , que tendem a aumentar à medida que a obesidade progride, e que estão associadas ao maior uso de recursos de saúde.
No total, 476 (26%) relataram não ter complicações, 526 (28%) relataram uma, 362 (20%) tiveram duas e 486 (26%) contaram três ou mais.
As análises também encontraram complicações crescentes à medida que a obesidade progride: 23% dos entrevistados com obesidade classe 1 relataram três ou mais, em comparação com 26% com obesidade classe II e 37% daqueles com obesidade classe III.
As complicações mais comuns foram pressão alta (39%), dislipidemia (níveis elevados de colesterol e/ou outras gorduras no sangue; 23%), diabetes tipo 2 (18%) e osteoartrite (16% ;).
Aqueles que apresentam múltiplos complicações (3 ou mais) têm duas vezes mais probabilidade de serem hospitalizados do que aqueles sem nenhuma (13% vs 28%). Da mesma forma, 14% daqueles sem complicações tinham sido submetidos a algum procedimento cirúrgico, em comparação com 24% daqueles com três ou mais.
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