Numa altura em que são cada vez mais os portugueses a trocar o leite por bebidas vegetais, pobres em iodo, pode a população estar em risco de uma ingestão inadequada deste elemento, indispensável para a saúde? Um estudo nacional diz que sim.
É da alimentação que nos chegam as mais importantes quantidades de iodo, cuja falta é a causa mais comum da deficiência cognitiva, podendo levar a problemas como deficiência mental e formação de bócio (disfunção da tiroide) e aumento da tiroide, com vários problemas aqui associados.
E são os laticínios o grupo de alimentos que mais contribui para a ingestão diária de iodo.
No entanto, são cada vez mais os que, apenas por opções ou por restrições alimentares, estão a trocar os laticínios por bebidas de origem vegetal, que têm geralmente baixos teores de iodo.
“Isto leva-nos a uma preocupação acrescida sobre o impacto desta popularidade das bebidas vegetais nas necessidades de iodo nos consumidores”, revela um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), que procurou determinar os valores de iodo nos laticínios e nas bebidas vegetais consumidas em Portugal.
Fortificação é essencial
Foram analisadas, ao todo, 41 amostras, 15 de leites, 20 de iogurtes e 6 de bebidas vegetais comercializadas por marcas de grande aceitação pela população portuguesa.
A avaliação revela que são os iogurtes os que apresentam as maiores concentrações de iodo, seguidos do leite
e, em último, das bebidas vegetais, que, na sua maioria, “apresentaram valores inferiores ao limite de quantificação”.
O que leva os especialistas a deixar um alerta: “para pessoas com intolerância à lactose, alérgicas ao leite, ou sob dietas restritivas voluntárias, como os veganos, a alternativa aos produtos lácteos pode ser através de bebidas vegetais”. Mas isto apenas “se estas forem fortificadas com iodo, pois esta fortificação é extremamente necessária para que a ingestão de iodo recomendada possa ser assegurada”.