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Risco de obesidade é maior para os rapazes com hábitos de sono irregulares

sono

As crianças do sexo masculino com maus hábitos de sono apresentam risco muito elevado de obesidade. A conclusão é de um estudo realizado por uma equipa de investigadores de Coimbra, que avaliou os hábitos de sono de mais de oito mil crianças lusas com idades entre os seis e os nove anos.

As recomendações mais recentes, da Academia Americana de Pediatria, são claras: para as crianças dos seis aos 12 anos, a duração adequada de sono deve andar entre as nove e 12 horas por noite. Este foi um dos dados que os investigadores do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foram avaliar, assim como a atividade física e os comportamentos sedentários (por exemplo, o tempo passado a ver televisão ou a jogar no computador).

Através de questionários preenchidos pelos pais e da avaliação de algumas variáveis antropométricas, como a estatura e o peso das crianças e calculado o seu índice de massa corporal (IMC), foi feita uma associação entre os hábitos de sono e o risco de excesso de peso e obesidade para meninos e meninas.

Os resultados, publicados no American Journal of Human Biology, confirmam que “os rapazes que apresentavam hábitos de sono irregulares para a sua idade, isto é, quer abaixo das nove horas/noite quer acima das 12 horas/noite, durante a semana, têm 128% maior probabilidade de serem classificados como crianças com excesso de peso comparativamente com aqueles que dormiam as horas recomendadas”, refere em comunicado o investigador Aristides Machado-Rodrigues.

No caso das raparigas, “não houve associações significativas entre a duração do sono e o risco de obesidade, nem nos dias da semana nem durante o fim de semana”, declara o investigador do CIAS, realçando, no entanto, que “o cumprimento dos hábitos de sono recomendados na infância, no nosso ponto de vista, é um aspeto crucial da saúde cognitiva e do desenvolvimento harmonioso das crianças”.

Uma epidemia do século XXI

A obesidade é considerada uma das epidemias do século XXI, estando associada a várias cormobilidades, sobretudo de natureza metabólica e cardiovascular. Aristides Machado-Rodrigues salienta “a sua etiologia multifatorial”, referindo “a existência um conjunto alargado de variáveis, de natureza biológica, genética, social e comportamental, que concorrem decisivamente para o facto de um indivíduo poder padecer de adiposidade aumentada, para além do padrão normal”.

As conclusões deste estudo chamam a atenção para a necessidade de esforços adicionais para controlar os hábitos de sono durante a semana, especialmente entre os rapazes portugueses.

“Os pais devem reforçar as regras familiares da hora de deitar das crianças para que estas possam ter o tempo de sono diário recomendado para a saúde. A literatura sustenta, de forma inequívoca, que a privação do sono, especialmente em idades pediátricas, está associada a problemas de saúde aumentados, não só de índole cognitivo mas especialmente relacionados com a diminuição da tolerância à glicose, o qual é um fator de risco para a obesidade.”

Ainda de acordo com o investigador, “na atualidade, e de forma muito pragmática, não podemos deixar de manifestar a nossa preocupação para os comportamentos sedentários de ecrã, vulgo tablets, telemóveis e computadores, que as crianças e jovens perpetuam pela ‘noite dentro’, comprometendo as horas de sono recomendadas, muitas vezes fechados no quarto e sem conhecimento dos pais”.

Nos últimos anos, estudos epidemiológicos relataram que a duração irregular do sono pode ser um fator de risco adicional para excesso de peso entre as crianças. No entanto, os hábitos de sono são os que têm merecido menor atenção comparativamente a outros comportamentos do nosso quotidiano, como a atividade física, os hábitos nutricionais, ou ainda o sedentarismo.

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