Os avanços na ciência e conhecimento têm permitido aumentar o número de sobreviventes adultos de cancro. Uma boa notícia, mas que faz aumentar as preocupações no que diz respeito ao risco de doenças cardiovasculares, isto depois de um estudo recente ter descoberto que os sobreviventes de cancro apresentam um risco 42% maior de doença cardiovascular do que as pessoas sem cancro.
Os autores descobriram que os sobreviventes de cancro tinham um risco particularmente maior de desenvolver insuficiência cardíaca (risco 52% mais elevado), seguido de AVC (risco 22% mais elevado), com a incidência de doenças cardiovasculares maior nos sobreviventes de cancro da mama, do pulmão e hematológicos/linfáticos. Há, por isso, que ter cada vez mais atenção à saúde cardiovascular.
“Os tratamentos para o cancro, como a radiação e a quimioterapia, podem ajudar as pessoas a viver mais tempo. No entanto, certos tratamentos têm potenciais efeitos secundários, incluindo doenças cardíacas novas ou agravadas”, explica Arif Kamal, especialista da Sociedade Americana de Cancro.
“O tipo de danos no coração e o risco de causar um problema podem variar dependendo da terapêutica, mas é um risco real para a saúde que é muitas vezes negligenciado.”
De acordo com o especialista, os problemas cardíacos que se podem desenvolver ou agravar após o tratamento do cancro são a insuficiência cardíaca, doenças das artérias coronárias, cardiomiopatia, danos nas válvulas cardíacas, miocardite (inflamação do músculo cardíaco) ou pressão arterial elevada.
Este aumento de problemas cardiovasculares em sobreviventes de cancro levou mesmo à criação de cardio-oncologia, uma subespecialidade da medicina que se centra na identificação, monitorização e tratamento de doenças cardiovasculares causadas pelo tratamento do cancro, reduzindo os efeitos secundários que estes tratamentos podem ter no sistema cardiovascular.
“Os sobreviventes de cancro são uma população de alto risco e devem ser priorizados para intervenções que reduzam as hipóteses de doenças cardíacas mais tarde na vida”, diz Kamal. “Os prestadores de cuidados de saúde precisam de reforçar ativamente a importância da prevenção contra as doenças cardiovasculares.”
Por vezes, os efeitos secundários e sintomas relacionados com o cancro só surgem muito depois do fim do tratamento. As pessoas que ainda estão em tratamento, que o concluíram recentemente ou há muito tempo devem, por isso, certificar-se de que estão a receber cuidados e acompanhamento necessário e a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para salvaguardar a sua saúde, prevenindo as doenças cardiovasculares, o que inclui: evitar os produtos de tabaco, manter um peso saudável, praticar exercício regularmente, ter uma dieta saudável, evitar o álcool, fazer os rastreios oncológicos recomendados, cuidar da saúde emocional.