Monitoriza de forma contínua o estado de saúde dos doentes e deteta precocemente problemas de insuficiência cardíaca: tecnologia existe e já foi testada com sucesso no Hospital de São João, no Porto.
Concebida no âmbito do projeto SmartBEAT e desenvolvida por uma equipa do centro de investigação Fraunhofer AICOS, esta tecnologia faz a monitorização através de um kit de sensores (medidor de pressão arterial, balança, oxímetro, pulseira inteligente) e a uma aplicação para smartphone.
O que significa vantagens para os doentes, que assim conseguem reconhecer alterações do seu estado de saúde e fazer as mudanças necessárias nos hábitos diários, para normalizar os parâmetros. E vantagem também para os cuidadores, que se dizem sentir mais tranquilos.
Já os profissionais de saúde reconhecem que este sistema facilita a prestação de cuidados. Uma eficiência que se deve sobretudo ao algoritmo inteligente implementado pelos investigadores, que regista o estado normal do doente, de modo a alertar os profissionais de saúde somente quando algo relevante se altera.
O teste foi feito com sucesso em 10 doentes, sete cuidadores e quatro profissionais de saúde.
Tecnologia ao serviço dos doentes
A longo de três meses, os investigadores desafiaram 21 participantes a testar e avaliar a tecnologia. O estudo terminou este mês e verificou-se um enorme impacto na rotina dos utilizadores, com os doentes a confirmar sentirem-se mais autónomos e mais “em controlo” do seu estado de saúde.
“Os testes pilotos permitiram concluir que os smartphones e a tecnologia mobile tem um papel muito relevante na motorização da saúde, e os utilizadores estão muito recetivos à sua utilização”, explica Inês Lopes, investigadora responsável pelo projeto.
Os investigadores pretendem que esta solução se torne numa “importante ferramenta para pacientes, cuidadores e profissionais de saúde monitorizem a doença de forma diária e contínua, e não apenas dentro do consultório”.
Evitar hospitalizações desnecessárias
A tecnologia, que integra um kit de sensores para recolha de sinais vitais, uma aplicação para smartphone e um portal web integrado com um mecanismo de monitorização para análise de dados, gestão e relatórios, tem ainda o potencial de “reduzir os custos de saúde e evitar hospitalizações desnecessárias”.
Em Portugal, mais de 260 mil pessoas sofrem de insuficiência cardíaca, com o número a ascender a mais de 15 milhões na Europa.