E se pudéssemos ter têxteis capazes de libertar medicamentos usados para tratar feridas na pele? A ideia parece coisa de ficção, mas está a ser desenvolvida por investigadores suíços.
É na Empa, os laboratórios suíços de Ciência e Tecnologia de Materiais, que está a ser desenvolvido o projeto ‘Self Care Materials’ (materiais para cuidados pessoais), que consiste em fibras de polímero que podem ser equipadas com remédios.
As fibras inteligentes, nas quais são integrados antibióticos ou analgésicos, reconhecem a necessidade de tratamento e doseam os ingredientes ativos com precisão e exatidão.
“Em resposta a um estímulo do corpo, as fibras devem libertar os medicamentos no meio ambiente a um ritmo calculado”, explica René Rossi, coordenador do projeto. Esse estímulo pode ser o valor alterado do pH de uma ferida na pele, o que indica a necessidade de tratar os danos nos tecidos.
“O uso de fibras de autocuidado é concebível para um número enorme de aplicações”, afirma Rossi. E, de acordo com os investigadores, podem contribuir para a qualidade de vida dos doentes e, ao mesmo tempo, aliviar a carga da equipa de saúde.
Do tratamento à prevenção
Há um outro uso possível para este sistema, a prevenção. “As fibras podem atuar como sensores e, por exemplo, medir o nível de açúcar no sangue”, explica Rossi, algo feito sem dor e sem que seja necessária uma amostra de sangue.
A equipa de investigadores está a trabalhar ativamente no projeto e conta com o apoio de colegas de outras instituições, trabalho que vai decorrer até 2020.
Aos investigadores já se juntaram também 20 empresas, que funcionam como os seus parceiros industriais, assim como a associação industrial Swiss Textiles, que se encontra a trabalhar ativamente na iniciativa.