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Cerca de 3% dos adultos em Portugal têm insuficiência cardíaca

insuficiência cardíaca

É provável que até 2% dos adultos na Europa, América do Norte e Israel vivam com insuficiência cardíaca, estando em risco elevado de morte e complicações graves, sugerem estimativas atuais publicadas online na revista Heart. A avaliação feita confirma que a maior prevalência é encontrada em Portugal (pouco menos de 3%).

A elevada prevalência da doença, os riscos de saúde a esta associados, incluindo doença arterial coronária e insuficiência renal crónica, e os custos – humanos e económicos – justificam uma ação urgente, dizem os investigadores.

A insuficiência cardíaca afeta milhões de pessoas em todo o mundo, mas espera-se que o número de casos aumente à medida que as populações envelhecem e o diagnóstico melhora, salientam os especialistas. É também dispendioso, com a Europa e os EUA a atribuírem 1-2% dos seus orçamentos anuais de saúde para o tratamento.

Poucos estudos utilizaram registos médicos digitais e dados de registos nacionais para avaliar o impacto da insuficiência cardíaca e os que o fizeram recorreram a grupos de doentes altamente selecionados, o que significa que é pouco provável que os resultados sejam geralmente representativos.

Para ultrapassar esta situação, foi concebido um estudo sobre insuficiência cardíaca, o CaReMe, para estimar a prevalência, os principais resultados desfavoráveis e os custos da doença para 11 países (Suécia, Noruega, Reino Unido, Bélgica, Alemanha, Suíça, Itália, Espanha, Portugal, Israel e Canadá), tendo resumido e reunido os dados individuais dos sistemas de saúde para mais de 600.000 pessoas com insuficiência cardíaca diagnosticada entre 2018 e 2020.

Os resultados: Portugal à frente

Cerca de 42% dos doentes com insuficiência cardíaca tinham preservado a fração de ejeção do ventrículo esquerdo, que ocorre quando a câmara inferior esquerda do coração (ventrículo esquerdo) não é capaz de se encher adequadamente de sangue (fase diastólica), reduzindo assim a quantidade de sangue bombeado de volta para o corpo.

Quase metade (49%) tinha cardiopatia isquémica, 44% tinham ritmo cardíaco irregular (fibrilhação auricular) e pouco mais de um terço (34,5%) tinha diabetes. E de entre as 170.000 pessoas com insuficiência cardíaca cuja função renal foi medida, metade (49%) tinha doença renal crónica moderada a grave.

Com base nos dados, os investigadores estimaram que a prevalência de insuficiência cardíaca entre adultos era de 2% em todos os 11 países, afetando mais de 32 milhões de pessoas, tendo a maior prevalência sido identificada em Portugal (pouco menos de 3%) e a menor no Reino Unido (quase 1,5%).

Outros ‘custos’ da insuficiência cardíaca

Os riscos de hospitalização anual foram mais elevados para aqueles com insuficiência cardíaca e doença renal crónica (19%) e mais baixos para aqueles com outras doenças cardiovasculares, tais como ataque cardíaco (3%), AVC (2%) e doença arterial periférica (1%). A taxa de mortalidade anual foi de 13%.

Estes números indicam que o tratamento preventivo deve concentrar-se sobretudo em travar o agravamento da insuficiência cardíaca e da função renal, dizem os investigadores.

Os custos dos cuidados hospitalares, disponíveis para seis países e 462.825 doentes, foram mais elevados para aqueles com doenças cardíacas e renais e mais elevados do que os decorrentes de doença arterial coronária e acidente vascular cerebral. Conclusões que, segundo os especialistas, indicam a necessidade de uma ação urgente.

“A carga cardiorrenal, os riscos e os custos nas pessoas [com insuficiência cardíaca] realçam uma necessidade urgente de uma melhor gestão dos riscos e uma área que os decisores políticos devem dar prioridade ao planear cuidados de saúde.”

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