Scroll Top

Um em cada 5 sobreviventes de AVC com ritmo cardíaco irregular

ritmo cardíaco

Ritmo cardíaco irregular foi detetado num em cada cinco pessoas sobreviventes de um AVC isquémico devido a aterosclerose (acumulação de gordura nas artérias), revela um estudo divulgado no congresso da American Stroke Association, um encontro mundial para investigadores e clínicos dedicados à ciência do AVC e à saúde cerebral.

“Sabemos que cerca de 25% dos acidentes vasculares cerebrais isquémicos acontecem em doentes que sobreviveram a um AVC anterior. Isto leva-nos a procurar compreender não só a causa do AVC mais recente, mas também o seu risco para futuros AVC devido a todas as causas tratáveis, para que possamos fazer o nosso melhor para prevenir o próximo”, refere autor principal do estudo Lee Schwamm, professor de neurologia na Faculdade de Medicina de Harvard, nos EUA.

Os sobreviventes de AVC isquémicos que foram causados por aterosclerose (ou endurecimento) das artérias cerebrais, e não por um coágulo de sangue que viaja do coração para o cérebro, não são normalmente monitorizados em termos cardíacos de forma contínua após o evento, explicou Schwamm. No entanto, um ritmo cardíaco irregular não reconhecido pode aumentar o risco de outro AVC causado por um coágulo de sangue formado no coração que viaja para o cérebro.

A fibrilhação auricular é o tipo mais comum de arritmia. E o que este estudo quis avaliar é se a incidência desta arritmia continuaria a aumentar ao longo de três anos de seguimento de cerca de 500 doentes que tiveram um AVC.

Metade dos participantes tiveram acesso a monitorização cardíaca, que registava os ritmo cardíaco 24 horas por dia, ao longo de três anos completos; a outra metade recebeu tratamento médico padrão, ou seja, sem monitorização cardíaca contínua e os investigadores compararam as taxas de deteção da fibrilhação auricular entre as pessoas de ambos os grupos.

E verificaram que o dispositivo de monitorização cardíaca contínua detetou fibrilhação auricular em mais de 20% dos participantes nos três anos após o primeiro AVC, com metade destes doentes a enfrentarem um episódio de ritmo cardíaco irregular de 10 minutos ou mais, tendo mais de dois terços deles um episódio com duração superior a uma hora. “É importante notar que seis minutos de fibrilhação auricular aumentam significativamente o risco de AVC”, afirma Schwamm.

“Verificámos que a taxa de fibrilhação auricular continuou a aumentar ao longo dos três anos, pelo que não é apenas um evento de curta duração e autorresolução relacionado com o AVC inicial”, alerta Schwamm. “A fibrilhação é comum nestes doentes. Confiar em estratégias de monitorização de rotina não é suficiente e também não o é colocar um monitor contínuo de 30 dias no doente. Mesmo que a fibrilhação seja excluída nos primeiros 30 dias, a maioria dos casos não é detetada porque, como descobrimos, mais de 80% dos episódios são detetados pela primeira vez mais de 30 dias após o AVC.”

Os sintomas de fibrilhação auricular podem incluir palpitações cardíacas, tonturas, fadiga, dores no peito e falta de ar. Ainda assim, muitas pessoas não notam quaisquer sintomas. “Mais de 80% dos doentes no nosso estudo não apresentavam quaisquer sintomas desta forma de ritmo cardíaco irregular, apenas a capturámos no monitor”, refere o especialista.

“Ainda há muito que ainda não compreendemos e não sabemos porque é que as pessoas que tiveram um AVC anterior têm outro; contudo, este estudo contribui com informação importante para uma causa potencial – nomeadamente, o ritmo cardíaco irregular (a fibrilhação auricular insuspeita) – para alguns desses 25% dos doentes com AVC recorrentes. Estes estão em risco acrescido de AVC recorrentes devido aos seus fatores de risco vascular conhecidos, tais como hipertensão e colesterol e pressão sanguínea elevados. O que precisamos de resolver é o risco adicional que a fibrilhação auricular acrescenta.”

Posts relacionados