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Risco de ansiedade e tentativa de suicídio aumenta após hospitalização por doença cardiovascular

ansiedade

No primeiro ano após o internamento por doença cardíaca, acidente vascular cerebral ou outras doenças cardiovasculares, as pessoas apresentam uma probabilidade 83% superior de serem diagnosticadas com ansiedade, depressão, comportamentos suicidas ou outros problemas psiquiátricos do que as pessoas livres de doenças cardiovasculares, mostra uma análise publicada no Journal of the American Heart Association, uma revista da American Heart Association.

“É essencial prestar atenção à saúde física e mental após um acidente vascular cerebral ou um diagnóstico de doença cardíaca”, alerta o autor sénior do estudo, Huan Song, professor de epidemiologia no Centro Biomédico de Big Data da China Ocidental.

Estudos anteriores observaram um risco aumentado de perturbações psiquiátricas, como ansiedade, depressão e perturbações de stress pós-traumático (PSPT), entre as pessoas com doenças cardiovasculares. No entanto, muitos destes estudos não incluíram fatores ambientais e de estilo de vida ou um grande número de participantes. Esta nova análise incluiu fatores ambientais e de estilo de vida que avaliaram o risco a curto e longo prazo.

Os investigadores analisaram os dados genéticos, físicos e de saúde de cerca de 500 mil adultos, tendo a doença cardiovascular sido definida como doença cardíaca isquémica, doença cerebrovascular ou acidente vascular cerebral, coágulos sanguíneos, insuficiência cardíaca, ritmos cardíacos irregulares ou outros.

Os investigadores analisaram a frequência com que os doentes hospitalizados por doenças cardiovasculares foram posteriormente diagnosticados com ansiedade, depressão, perturbação relacionada com o stress, abuso de substâncias, perturbação psicótica ou comportamentos suicidas em comparação com pessoas de idade, sexo e presença de outros problemas de saúde graves.

Ansiedade ou depressão, riscos reais

Os resultados mostraram que as pessoas apresentavam uma probabilidade 83% superior de serem diagnosticadas com uma perturbação psiquiátrica no prazo de um ano após a admissão hospitalar por doença cardiovascular, face aos indivíduos sem doença cardiovascular, perturbações psiquiátricas ou tentativas de suicídio.

As pessoas hospitalizadas por doenças cardiovasculares tinham ainda um risco 24% superior de serem diagnosticadas com uma perturbação psiquiátrica até quase oito anos depois, em comparação com as pessoas sem doenças cardiovasculares.

Os maiores aumentos de risco foram para a ansiedade, depressão e comportamentos suicidas, como automutilação ou tentativas de suicídio.

Já as pessoas que sofreram um acidente vascular cerebral ou outras formas de doença cerebrovascular apresentavam um risco três vezes maior de qualquer perturbação psiquiátrica e tentativa de suicídio no espaço de um ano após a hospitalização e um risco aumentado de 49% após um ano.

“Se for hospitalizado, ou um seu ente querido, por doença cardíaca, esteja ciente de que podem surgir problemas de saúde mental durante a recuperação. É importante monitorizar sinais de ansiedade, depressão ou pensamentos suicidas. Estes desafios de saúde mental são comuns e tratáveis”, refere Song.

“As conclusões deste estudo confirmam que após um diagnóstico de doença cardiovascular e/ou hospitalização, os doentes correm um maior risco de problemas de saúde mental, pelo que o rastreio de saúde mental e a intervenção precoce são essenciais”, alerta Mariell Jessup, líder da área de ciência da American Heart Association.

“É também fundamental que os doentes, familiares, entes queridos ou cuidadores partilhem com a equipa de saúde quaisquer alterações que possam sinalizar depressão, ansiedade ou potencial para comportamentos suicidas. A saúde mental, a saúde biológica, a saúde fisiológica e a saúde física estão inextricavelmente interligadas.”

Song acrescenta ainda que “os doentes devem informar o seu profissional de saúde sobre quaisquer sintomas de saúde mental. Podem receber apoio, ser encaminhados para um especialista de saúde mental ou ajustar o seu plano de tratamento. Peça ajuda a um terapeuta, conselheiro ou psiquiatra se estiver com problemas de saúde mental ou partilhe os seus sentimentos com familiares, amigos ou um grupo de apoio para obter apoio emocional e ajudá-lo a enfrentar os desafios”.

Crédito imagem: iStock

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