SnapChat e Whatsapp são apenas algumas das redes sociais que os mais pequenos tão bem conhecem. Muitos têm contas e acedem a estas, passando por ali horas do seu dia. Um hábito que lhes pode custar caro, revela um novo estudo britânico, que afirma que a fatura é paga com o bem-estar. E é sobretudo entre as meninas que os problemas de saúde são maiores: as que têm dez anos e usam as redes sociais durante mais de uma hora por dia são mais propensas a desenvolver problemas de bem-estar na adolescência.
Cara Booker, do Instituto de Investigação Social e Económica da Universidade de Essex, juntou-se a Yvonne Kelly e a Amanda Sacker, da London’s Global University e, juntas, descobriram uma diferença de género no uso destas redes sociais. Quem mais as usa, as adolescentes, é quem mais tem que enfrentar, alguns anos depois, problemas de bem-estar.
De acordo com a investigação, na adolescência cerca de metade das adolescentes de 13 anos interagiam nestas redes sociais mais de uma hora por dia, algo que acontecia apenas com um terço dos rapazes da mesma idade. Aos 15 anos, aumentava o tempo perdido com estas ferramentas digitais, tanto por parte delas, como deles, embora continuassem a ser as adolescentes as que mais uso lhes davam: 59% contra 46% dos rapazes.
A questão que se colocava em seguida era: qual o impacto das redes sociais nos adolescentes? E a resposta foi conseguida graças à avaliação de cerca de 10.000 crianças e adolescentes, ao longo de um período de cinco anos.
Os investigadores analisaram quanto tempo passavam nas redes sociais num “dia normal” de escola e verificaram que havia quem o fizesse mais de quatro horas. E analisaram também as mudanças ao nível emocional e de bem-estar ao longo dos anos.
Verificou-se, tanto entre os rapazes como entre as raparigas, um declínio no bem-estar aos 15 anos, declínio este que foi superior para os elementos do sexo feminino e sobretudo para as que mais tempo passavam nas redes sociais.
Redes Sociais – Relação perigosa na juventude e adolescência
“As nossas descobertas sugerem que é importante monitorizar as interações iniciais com as redes sociais, particularmente no caso das raparigas, já que isso pode ter um impacto sobre o seu bem-estar mais tarde, quando são adolescentes, e talvez durante toda a vida adulta”, afirma Cara Booker.
“Como não observamos uma associação entre o uso das redes sociais e o bem-estar nos rapazes, outros fatores, como a quantidade de tempo gasto em jogos, podem estar associados ao declínio observado no bem-estar masculino”, acrescenta.
“O nosso estudo realmente vai ao encontro da ideia de que a quantidade de tempo passado online está fortemente associada a um declínio no bem-estar dos jovens, especialmente no caso das raparigas. É claro que os jovens precisam de ter acesso à Internet para fazer os trabalhos de casa, ver televisão e manter contacto com seus amigos, mas precisam realmente de passar uma, duas, três ou quatro horas a conversar, partilhar e fazer comparações nas redes sociais todos os dias de escola?”