Seja por pressa ou vergonha, muitos são os que já deixaram o consultório do médico com perguntas por responder. Numa palestra sobre o tema, realizada na Universidade de Alberta, no Canadá, a endocrinologista Rose Yeung confirmou que nem sempre é fácil conversar com o médico e partilhou formas de o fazer melhor.
De acordo com a especialista, a comunicação é fundamental para garantir que os avanços médicos beneficiam todos os doentes. Há, no entanto, barreira que o impedem.
A falta de tempo é uma delas. “Espera-se que os médicos tomem decisões com muita rapidez, mas extrair todo o contexto leva tempo”, afirma.
Aqui, juntam-se as crenças conflituosas que proliferam naquela que é a era da Internet. “As pessoas estão a questionar, e corretamente, as recomendações médicas e a levar muitas informações diferentes que os médicos precisam reconciliar e explicar”, acrescenta.
Depois, nem sempre a linguagem dos médicos é clara o suficiente e a difícil tradução do jargão médico para uma linguagem compreensível pelo cidadão comum torna tudo ainda mais complicado, assim como a natureza prescritiva da medicina. “O ensino tradicional é que deve fazer o que o médico lhe disser”, refere Yeung.
“A medicina precisa de evoluir para entender que os doentes são agentes muito ativos dos seus próprios cuidados de saúde e que precisamos de trabalhar juntos.”
Finalmente, as pessoas não são 100% racionais e “nem sempre tomam decisões baseadas apenas em informações objetivas e baseadas em evidências, podendo também ser influenciadas por emoções, doenças e outros fatores”.
Como melhor conversar com o médico
Rose Yeung, que é também professora adjunta da Escola de Saúde Pública, considera que “as pessoas precisam de treino sobre alfabetização médica, sobre como comunicar com a sua equipa de saúde. E embora seja verdade que os profissionais de saúde têm os seus próprios preconceitos, eles não são leitores de mentes”.
Segundo a especialista, para retirar o máximo proveito de uma consulta médica há que pensar nas perguntas com antecedência antes da consulta e escrever as respostas dadas pelo médico enquanto lá estiver.
Deve também pedir-se ao médico para explicar o problema de que sofre o doente, fornecendo instruções por escrito e pedir uma visita de acompanhamento, mesmo que seja apenas para ter mais tempo para discutir um problema ou então.