São receitados com frequência às crianças com tosse e infeções respiratórias. Mas o uso de antibióticos nestes casos não tem grande efeito, revela um novo estudo, que considera que é possível, aqui, reduzir a prescrição destes medicamentos.
Publicado no British Journal of General Practice e realizado por investigadores das universidades de Bristol, Southampton, Oxford e Kings College London, o estudo encontrou pouca evidência de que os antibióticos impeçam as crianças com tosse de ter de ir ao hospital.
A equipa, financiada pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde, analisou dados de um estudo com 8.320 crianças (com idades entre três meses e 15 anos) que foram ao médico com sintomas de tosse e outras infeções respiratórias, para verificar quais os resultados 30 dias depois da visita.
Ao todo, 65 (0,8%) crianças foram hospitalizadas e 350 (4%) revisitaram o seu médico devido a um agravamento dos sintomas.
Potencial para contribuir para a luta contra as resistências
Não foi encontrada evidência de que os antibióticos reduzem a hospitalização. Mas uma estratégia de prescrição tardia de antibióticos (dar aos pais ou responsáveis uma receita médica e aconselhar a que esperassem para ver se os sintomas pioravam antes de a usar) reduziu o número de revisitas ao médico.
“A boa notícia é que a maioria das crianças que vão ao seu médico com tosse aguda e sintomas de infeção respiratória têm um risco reduzido de hospitalização. Sabemos que os médicos de família, por uma variedade de razões, costumam prescrever antibióticos como medida de precaução”, refere Niamh Redmond, investigador da Universidade de Bristol e autor principal do estudo.
“No entanto, o nosso estudo mostra que é improvável que os antibióticos reduzam esse risco, já pequeno. Há um potencial real de reduzir a prescrição desnecessária de antibióticos, que é um dos principais contribuidores para a crescente ameaça à saúde pública da resistência antimicrobiana.”