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Estudo inovador mostra impacto das crenças religiosas na tomada de decisões em fim de vida

decisões em fim de vida

Foi o primeiro estudo a procurar saber de que forma as crenças religiosas e espirituais influenciam a tomada de decisão relacionadas com o fim de vida dos idosos incapacitados da família. E descobriu que acreditar em milagres é a principal dimensão associada às preferências de quem cuida.

“Se quem toma a decisão acredita na possibilidade de um milagre capaz de mudar o curso da doença de quem ama, é mais provável que escolha um tratamento agressivo e tenha tendência a aceitar menos um plano de assistência com foco no conforto”, explica Alexia Torke, especialista do Regenstrief Institute, nos EUA, que liderou o estudo inovador.

“Descobrimos que a crença em milagres faz com que os doentes também sejam menos propensos a receber serviços de cuidados paliativos.”

A importância da religião no fim de vida 

Quando os idosos são hospitalizados, muitos não têm capacidade para tomar decisões por conta própria e contam com cônjuges, filhos, irmãos ou outros elementos da família para o fazer.

Alexia Torke refere ter realizado este estudo porque compreender o processo usado pelos cuidadores para a tomada de decisão é importante para a equipa clínica.

Se houver conflito entre esta e o membro da família, especialmente se discordarem sobre continuar ou interromper os tratamentos de manutenção da vida, a especialista considera que os capelães podem ajudar os clínicos a entender melhor como o membro da família se sente e também apoiar e aconselhar o representante através de decisões difíceis.

Embora este seja o primeiro estudo sobre o papel da religião e espiritualidade na tomada de decisões em fim de vida pelos cuidadores, estudos feitos com doentes que tomam decisões por si mesmos mostraram que, no geral, os doentes mais religiosos tendem a querer ser mais agressivos, com tratamentos de manutenção da vida e tendem também a receber tratamentos de manutenção da vida mais agressivos.

“Como médica de cuidados paliativos, vejo muitos membros da família com fortes crenças religiosas que desejam medidas agressivas para o seu ente querido e outros com forte religiosidade ou espiritualidade que se sentem à vontade para aceitar que o seu ente querido vai morrer”, refere Torke.

“O cuidador pode dizer algo como ‘Ela irá para o céu’ ou ‘Ela estará com Deus.’ Por isso, não fiquei surpreendida que o nosso estudo tenha encontrado uma falta de associação da maioria dos aspetos da religiosidade e espiritualidade com as decisões de final de vida, mas fiquei surpreendida com o quão dramática a crença em milagres se destacava.”

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