Scroll Top

Investir nos cuidadores informais é garantir a sustentabilidade dos sistemas de saúde

cuidador

A existência de um Estatuto do Cuidador Informal, que reconhece o papel essencial de quem cuida sem pedir (ou receber) nada em troca, foi um marco importante, mas não suficiente. Especialistas reunidos no Porto, numa Teva Talks subordinada ao tema ‘Quem Cuida dos Cuidadores?’, deixam o alerta: “investir nos cuidadores informais é investir na sustentabilidade dos serviços sociais e de saúde”.

Bruno Alves, Executive Board Member da rede europeia EUROCARERS e Coordenador Nacional da Cuidadores Portugal, considera essencial o reconhecimento e identificação dos cuidadores, algo que continua por fazer. “Sem esta identificação não se podem alocar respostas”, refere, salientando que se continua por saber qual o número real de cuidadores informais em Portugal.

Teresa Almeida, vogal da Direção da Associação Nacional das Farmácias, conhece bem a realidade dos cuidadores informais e fala da existência de “pais que cuidam de filhos, idosos a cuidar de pais ainda com mais idade, maridos e mulheres”, uma variedade de situação e cenários de cuidadores, muitos dos quais que não se consideram como tal. “Há muitos cuidadores que não têm a noção que são cuidadores”, refere, acrescentando que a estes se junta um grande grupo de pessoas que não sabe onde se dirigir para obter apoios. “A simplificação é essencial!”

Este é, de resto, um dos pontos que mais preocupa os especialistas. “O grau de iliteracia é terrível”, confirma Belmiro Rocha, presidente da Associação Portuguesa dos Enfermeiros de Reabilitação. “Muitas pessoas não conseguem aceder a cuidados porque não têm conhecimento e apoios”, reforça. Uma posição partilhada por Ana Luísa Pinto, Diretora Executiva da Associação Cuidadores – Melhorar a vida de quem cuida, que alerta: não basta que exista o Estatuto ou decretos e leis; “é preciso trabalhar a informação para conseguir chegar a todo o tipo de público”.

Algo que apenas se consegue, defendem os especialistas, com uma articulação entre várias áreas e com o apoio de quem, no terreno, conhece bem estes casos. “Os enfermeiros de reabilitação lidam muito com estes casos e, quando começamos a planear a reabilitação, deparamo-nos com situações terríveis. Está a ser feito um caminho, mas é preciso mais. O Estatuto avançou com a realização de 30 experiências-piloto, mas é importante que estas passem a ser realidade em todos os concelhos do País”, reforça Belmiro Rocha.

Um Estatuto mais abrangente, “com critérios de elegibilidade que têm de ser”, segundo Bruno Alves, “mais alargados”, é também essencial, assim como “tornar possível que o cuidador possa ser substituído, por alguns períodos, para que possa descansar, trabalhar ou ter tempo para si próprio”, defende Ana Luísa Pinto.

A discussão deste tema segue agora para Lisboa, com mais uma edição da Teva Talks subordinada ao mesmo tema, no próximo dia 10 de novembro, pelas 17h30, no Museu do Oriente.

O painel de discussão será composto por Maria de Belém Roseira, antiga Ministra da Saúde e antiga Ministra da Igualdade, Ema Paulino, presidente da Direção da Associação Nacional das Farmácias, Manuel Caldas de Almeida, Administrador Executivo e Diretor Clínico do Hospital do Mar e Rosário Zincke dos Reis, vice-presidente da Direção da Associação Alzheimer Portugal.

Posts relacionados