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Estudo nacional quantifica custo para quem cuida de pessoas com demência

cuidadores informais

Um estudo publicado na última edição da Acta Médica Portuguesa quis quantificar os custos assumidos pelos  cuidadores informais e pessoa cuidada, assim como a sua utilização de serviços de saúde, sociais e do tempo dedicado aos cuidados prestados em situações de demência. E conclui que existe “um peso significativo” que estes cuidados podem alcançar para as famílias.

Inserido num projeto de intervenção comunitária em 10 municípios da Área Metropolitana do Porto (Espinho, Gondomar, Maia, Paredes, Porto, Póvoa do Varzim, Santo Tirso, Trofa, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia), o ‘Cuidar de Quem Cuida’ – capacitação para a intervenção com cuidadores informais de pessoas com demência pretendeu “ampliar o conhecimento disponível no nosso país” no que diz respeito a esta temática, “ao quantificar e valorar os cuidados informais prestados a pessoas com demência residentes na comunidade”.

Com uma amostra de 123 cuidadores informais, a análise permitiu traçar o perfil destes cuidadores. Verificou que são, na maior parte das vezes, mulheres (81,5%), com uma média de idades de 57,4 anos (idade mínima de 26 anos e máxima de 82 anos), sendo sobretudo os filhos a assumir a prestação de cuidados (62,1%), seguidos dos cônjuges (25%).  

A maior parte destes cuidadores apresenta apenas entre um a quatro anos de escolaridade (37,8%), seguindo-se os que têm entre cinco a nove anos (32,4%).

Já no que diz respeito aos rendimentos mensais auferidos, o estudo confirma que são baixos, com 40% a receber até €530, seguindo-se os cuidadores que não auferem qualquer rendimento (30%).

Quanto ao tempo dedicado à prestação de cuidados, o estudo verificou que os cuidadores despendem 153,8 horas por mês, sendo o apoio nas atividades da vida diária instrumentais (como gerir a medicação, tratar da roupa e tarefas domésticas) as que exigem mais tempo, seguidas das atividades da vida diária básicas (comer, vestir, mobilizar).

“Sendo a demência uma doença degenerativa e progressiva, o cenário de prestação de cuidados encontrado nesta amostra de cuidadores informais recrutados na comunidade, residentes sobretudo com as pessoas cuidadas, permite antecipar os constrangimentos decorrentes da sobrecarga social, psicológica e, inevitavelmente, financeira associados à tarefa de cuidar”, lê-se no documento, que aponta um valor para estes cuidados.

De acordo com o mesmo, os custos dos cuidados informais calculado, tendo por base as despesas com alguns serviços de saúde, sociais e tempo despendido o grupo cuidador-pessoa cuidada, chega aos €619,8/mês, valor que deverá ser, dizem os especialistas envolvidos no trabalho, “muito provavelmente subestimado”.

Ainda assim, deixam a ressalva que este estudo diz respeito a um grupo restrito de cuidadores, não devendo, por isso, ser generalizado.

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