Cuidar de alguém com demência ou doença de Alzheimer é um desafio. Para além das exigências financeiras e físicas, muitos prestadores de cuidados não estão preparados para o stress de tentar comunicar eficazmente com um ente querido que pode ter tendência para a agitação, a agressão verbal e as alucinações. Mas há formas de prevenir ou neutralizar os conflitos baseados na comunicação.
“A demência pode começar com a dificuldade de encontrar uma palavra ou repetir frases, e pode evoluir para uma maior dependência da comunicação não-verbal”, refere Izabella De Abreu, professora de Psiquiatria no UT Southwestern Medical Center. “As barreiras de comunicação podem ser absolutamente assustadoras ou provocar raiva no seu ente querido.”
O que fazer então para incentivar a comunicação construtiva?
Falar de forma clara e lentamente. Estabeleça contacto visual e dê toda a sua atenção à pessoa de quem cuida.
Minimizar as distrações. Deixe a pessoa com demência falar por si própria e dê-lhe tempo para responder.
Repita as informações para confirmar a sua exatidão. Ofereça escolhas simples de um ou dois itens para evitar sobrecarregá-la e criar mais confusão.
Peça-lhe para realizar tarefas. Quando for altura de tomar a medicação ou de fazer alguma coisa, peça em vez de exigir. É mais provável que a pessoa cumpra as suas ordens se se sentir no controlo da decisão.
Tentar não discutir. Se a pessoa de quem cuida confundir pormenores não essenciais, como datas ou nomes, mantenha a calma e deixe passar. Discutir só o vai confundir e perturbar desnecessariamente.
Cuidar de quem cuida
As alterações comportamentais provocadas pela demência podem ser mais avassaladoras do que os sintomas cognitivos, como o declínio da memória. Com o tempo, a sobrecarga de cuidados pode levar a uma sobremedicação dos doentes. Também pode aumentar o risco de problemas de saúde para o prestador de cuidados, incluindo ansiedade, depressão, enfraquecimento do sistema imunitário e doenças relacionadas com a alimentação excessiva e a obesidade. É importante que os prestadores de cuidados se lembrem de cuidar de si próprios.
“Por muito que ame o seu familiar ou amigo idoso, a prestação de cuidados pode afetar negativamente a sua saúde física, o seu bem-estar mental, as suas relações e as suas finanças”, afirma Molly Camp, professora de Psiquiatria, especializada em saúde mental geriátrica. Os cuidadores devem discutir o seu próprio bem-estar físico e mental com um prestador de cuidados de saúde.