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Cientistas querem travar bactérias intestinais que desencadeiam doença de Alzheimer

bactérias intestinais

A frase “somos o que comemos” já existia muito antes de Alois Alzheimer ter identificado a doença a que deu nome, mas agora há evidências claras de que a dieta, assim como a idade, influenciam o cérebro. Um conjunto crescente de estudos sugere uma relação entre a doença de Alzheimer e um intestino pouco saudável, e os cientistas australianos esperam dar um passo adiante, explorando como as bactérias intestinais nocivas acedem o cérebro e levam à demência. O objetivo: travá-las.

O cientista da Universidade da Austrália do Sul, Ibrahim Javed, diz que minúsculos metabolitos liberados por bactérias nocivas no intestino podem viajar para o cérebro, causando inflamação e desencadeando a doença de Alzheimer, para a qual não há cura.

Nas pessoas mais jovens isto é menos provável porque a barreira hematoencefálica é muito mais forte, mas enfraquece à medida que as pessoas envelhecem, permitindo que substâncias nocivas danifiquem os neurónios. Quando o microbioma intestinal envelhece, também ele perde a capacidade de combater doenças.

Ao identificar a forma como os metabolitos libertados pelas bactérias nocivas danificam os neurónios, e criar medicação que o torne possível, Javed considera que deveria ser possível abrandar ou parar a progressão da doença de Alzheimer.

Bactérias intestinais: o papel dos suplementos

Um segundo deste projeto de investigação é investigar como os probióticos e os suplementos nutricionais, ambos com bactérias benéficas, podem eliminar as bactérias intestinais nocivas e impedir que os metabolitos escapem do intestino.

Isto vem na sequência de vários estudos clínicos internacionais que demonstraram que os probióticos melhoram os problemas digestivos e cognitivos em pessoas com COVID-19 aguda e crónica.

“A nossa pesquisa indica que bactérias intestinais prejudiciais podem desencadear demência de início precoce, bem como acelerar a demência em pessoas que já lutam contra a doença neurodegenerativa”, refere o especialista.

“Uma dieta pobre é um dos vários fatores que prejudicam as bactérias intestinais, aumentando o risco de desenvolver demência. O envelhecimento, a falta de exercício, a exposição a pesticidas e a genética também desempenham um papel, embora esta última seja responsável por um número muito pequeno de casos. Na maioria dos casos, a demência é evitável.”

A maioria dos tipos de bactérias são inofensivas – muitas são até essenciais para a nossa sobrevivência –, mas as bactérias nocivas criam biofilmes que causam infeções gastrointestinais, doenças crónicas, cancro do intestino e doenças cerebrais.

A doença de Alzheimer afeta até 55 milhões de pessoas em todo o mundo e com o envelhecimento da população, este número deverá duplicar a cada 20 anos, de acordo com a Alzheimer’s Disease International.

A demência de início precoce – abaixo dos 65 anos – está a tornar-se mais comum na população mundial, atribuída a fatores evitáveis, como uma dieta pobre e um estilo de vida sedentário, tabagismo, consumo excessivo de álcool, isolamento social, exposição a pesticidas e poluição atmosférica.

 

Crédito imagem: Unsplash

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