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Psicólogo aconselha a que se limite o uso de ecrãs entre as crianças com menos de seis anos

ecrãs

“As crianças que estão em contacto regular com ecrãs de telemóveis, tablets ou computadores são mais irritáveis e têm pior atenção, memória e concentração do que aquelas que não os utilizam”, garante Álvaro Bilbao, doutorado em Psicologia da Saúde e formado em Neuropsicologia pelo Hospital Johns Hopkins e pelo Kennedy Krieger Institute, nos EUA, e pelo Royal Hospital for Neurodisability, no Reino Unido.

Os pais devem racionar rigorosamente ou não permitir o tempo ao ecrã para as crianças com menos de seis anos, revela o neuropsicólogo no seu novo livro, em que utiliza estudos atuais e estabelecidos para realçar como o risco de problemas psicológicos e comportamentais aumenta com o crescimento do tempo passado pelas crianças pequenas em agarradas a iPhones e iPads. Problemas entre os quais se incluem transtornos de défice de atenção, depressão e problemas de dependência.

Em Understanding Your Child’s Brain, o especialista diz que ecrãs devem “encontrar gradualmente o seu caminho para as mãos da criança” depois desta se ter desenvolvido emocional e intelectualmente. Algo que deve acontecer, idealmente, depois dos seis anos de idade.

O autor cita os gurus da tecnologia Bill Gates e Steve Jobs, que restringiram o uso do ecrã aos seus filhos. Além disso, revela que não tem aplicações no telemóvel ou tablet para os seus três filhos.

As aplicações podem “fazer com que a criança perca o interesse por outras atividades que sejam mais benéficas para o seu desenvolvimento”, diz o autor. Por esta razão, deixou em branco o capítulo final do livro, sobre as melhores aplicações para menores de seis anos (inteiramente em branco).

“Muitos pais começam a incentivar a utilização de telemóveis e tablets”, explica. “Em vez de avançar para uma maior atenção e um maior controlo da própria mente da criança, na minha opinião provoca um atraso… Seria como dar uma mota de 800 cc a uma criança que acabou de aprender a andar.”

Confirma que, ocasionalmente, os filhos “usam o telemóvel para ver as fotos das nossas férias… e fazemo-lo juntos. Por vezes, olhamos para uma canção com eles e aprendemos os movimentos de dança, mas eles não jogam jogos. Também limitamos o seu tempo em frente à os ecrãs da televisão”.

Dicas para os pais

Understanding Your Child’s Brain utiliza a neurociência básica para explicar como as crianças pequenas pensam, sentem e se comportam nos primeiros anos de vida e tem como objetivo ajudar os pais a resolver problemas comuns da educação das crianças, tais como birras e promover o seu desenvolvimento intelectual e emocional saudável.

Há quatro secções para os pais: os fundamentos para compreender o desenvolvimento cerebral infantil, as ferramentas necessárias para apoiar este crescimento, como ensinar a inteligência emocional e como fortalecer o cérebro intelectual.

O autor compara o desenvolvimento saudável do cérebro da criança com o cultivo de um carvalho: para crescerem, da “semente” à maturidade, as crianças precisam de segurança física, de um ambiente seguro e de “rega” para o cérebro, isto é, alimentação e confiança/liberdade dos pais.

Conselhos do especialista para os pais:

  • Deixar as crianças aborrecidas – isto encoraja a criatividade;
  • Não usar drama para estabelecer limites – gritar com uma criança desativa a parte do cérebro (córtex cerebral) que ajuda a gerir os limites;
  • Utilizar recompensas sociais (não materiais) para reforçar as regras.

Além dos ecrãs, o autor critica as abordagens extremas utilizadas para promover o desenvolvimento infantil, que incluem a educação “natural” sem regras, prescrição de medicamentos para crianças propensas à distração, e “programas milagrosos” não comprovados para transformar crianças em génios.

“Um tomate geneticamente modificado, que amadurece em poucos dias, perde a essência do seu sabor… um cérebro que se desenvolve sob pressão pode perder parte da sua essência pelo caminho.”

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