Porque é que algumas pessoas parecem sentir menos dor que outras? Um estudo realizado pela Escola de Medicina Wake Forest, nos EUA, pode ter encontrado uma das respostas: por causa do mindfulness.
“O mindfulness tem a ver com o ter consciência do momento presente sem muita reação emocional ou julgamento”, explica o principal autor do estudo, Fadel Zeidan. “Agora sabemos que algumas pessoas são mais conscientes do que outras e essas pessoas aparentemente sentem menos dor.”
Publicado na revista PAIN, o trabalho traduz a análise dos investigadores aos dados de uma comparação entre o mindfulness e placebo, procurando determinar se o nível inato ou natural de mindfulness de um indivíduo estava associado a uma menor sensibilidade dolorosa e a identificar quais os mecanismos cerebrais envolvidos.
Mais um passo para ajudar na busca por terapêuticas
No estudo, 76 voluntários saudáveis que nunca meditaram responderam a um questionário, seguindo-se uma sessão em que foram submetidos a uma estimulação dolorosa com calor (48º C).
As análises feitas ao cérebro revelaram informações neurobiológicas que mostraram que as pessoas mais ‘mindful’ tinham uma menor ativação de uma região cerebral e sentiam menos dor. Aqueles com menor nível de atenção plena, ou mindfulness, revelaram uma maior ativação dessa mesma zona do cérebro e também sentiram mais dor.
“Agora temos algumas novas munições para o desenvolvimento de terapêuticas eficazes para a dor. É importante realçar que este trabalho mostra que devemos considerar o nível de atenção, ao calcular por que e como a pessoa tem mais ou menos sensação dolorosa”, refere Zeidan.
“Com base em investigações anteriores, sabemos que podemos aumentar a atenção plena através de períodos relativamente curtos de treino de meditação de mindfulness. E isso pode ser uma forma eficaz de proporcionar alívio da dor para milhões de pessoas que sofrem de dor crónica.”