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Na pandemia, um em cada cinco pais foi separado do seu recém-nascido prematuro e doente

recém-nascido

As perturbações na prestação de cuidados neonatais, na sequência da pandemia, levaram a restrições e separação dos pais e do seu recém-nascido hospitalizado, sugerem os resultados de um inquérito recente da European Foundation for the Care of Newborn Infants (EFCNI), partilhado pela XXS – Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro. Ao todo, mais de metade dos pais não foram autorizados a ter um acompanhante durante o parto, deixando-os sem qualquer tipo de apoio emocional, informativo ou prático. E um em cada cinco nunca foi autorizado a estar com o seu recém-nascido hospitalizado.

Através de um questionário online, disponível em 23 línguas diferentes, a equipa de investigação da EFCNI avaliou mais de 2000 pais de 56 países de todo o mundo, cujos bebés recém-nascidos estavam a receber cuidados especiais ou intensivos durante o primeiro ano da pandemia da COVID-19, para analisar as suas experiências.

Os pais/parceiros foram particularmente afetados pela política de separação: enquanto cerca de três quartos (75%) das mães participantes puderam estar presentes, quase metade dos pais/parceiros participantes (44%) afirmaram não lhes ter sido permitido qualquer acesso ao seu bebé.

As políticas de separação limitaram também a aplicação do contacto pele a pele e dos cuidados método canguru, apesar destas práticas terem sido cientificamente comprovadas como sendo altamente benéficas para o desenvolvimento e crescimento de bebés doentes e prematuros.

A comunicação, as informações de saúde e também o apoio à saúde mental foram largamente inadequados: a um terço dos participantes faltavam informações sobre como se protegerem a si próprios e ao seu bebé da transmissão da COVID-19.

“A pandemia mostrou-nos como algumas das nossas conquistas em cuidados neonatais são realmente frágeis. Conceitos como os cuidados de desenvolvimento centrados na criança e na família ou práticas simples como o contacto pele-a-pele, que tínhamos tomado como garantidos, regrediram, repentinamente, em todo o mundo. Os resultados do nosso inquérito ilustram a dolorosa realidade: cada 1 em 5 pais, ou seja 20%, encontrava-se completamente separado do seu bebé hospitalizado”, salienta Silke Mader, presidente da EFCNI e fundadora da
GLANCE.

Por conseguinte, uma abordagem holística dos cuidados de desenvolvimento centrados na criança e na família deve ser reinstalada onde foi interrompida, deve ser promovida onde foi questionada, e deve ser protegida onde foi restringida. Isto, em nome de dar a todos os recém-nascidos, o melhor começo de vida possível.

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