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O mito da vaporização saudável e os riscos associados aos ‘vapes’

vaporização

Os vaporizadores, os chamados ‘vapes’, são frequentemente comercializados como uma alternativa mais saudável ao fumo dos cigarros tradicionais ou uma ferramenta para deixar de fumar. Mas este não só não é um hábito seguro, como os efeitos na saúde da vaporização podem ser irreversíveis e, por vezes, fatais.

Como é uma tecnologia relativamente nova, as consequências a longo prazo do uso de vaporizadores para a saúde ainda são totalmente conhecidas, mas a investigação está a revelar um número crescente de riscos para a saúde, incluindo danos permanentes nos dentes e gengivas.

Ao vaporizar, inala-se uma combinação de substâncias químicas transportadas pelo ar, incluindo nicotina, aromatizantes e outros produtos químicos. David Okano, líder da secção de periodontologia da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Utah, nos EUA, explica que a vaporização está associada a um maior risco de doença gengival e, potencialmente, de cárie dentária.

Pode ainda causar infeção e inflamação nas gengivas, o que pode resultar na perda permanente de osso à volta dos dentes e, eventualmente, a perda dos mesmos. “Perde-se osso mais rapidamente se estiver a vaporizar, tal como aconteceria com o tabaco”, confirma.

O provável culpado destes efeitos na saúde é o mesmo dos cigarros tradicionais, diz Okano: a nicotina. Este componente altamente viciante presente tanto no tabaco como nos cigarros eletrónicos, provoca inflamação nos tecidos, o que pode levar a lesões. A exposição prolongada à nicotina também pode aumentar o risco de doença cardíaca.

Além disso, a nicotina também faz com que os vasos sanguíneos das gengivas, garganta e pulmões se estreitem, reduzindo a quantidade de fluxo sanguíneo que chega aos tecidos, o que pode atrasar a cicatrização se a boca tiver feridas ou no caso de uma cirurgia oral, acrescenta Okano.

Não é só vapor de água

O vapor dos cigarros eletrónicos contém mais do que apenas nicotina. O principal ingrediente é o propileno glicol, que danifica as células das vias respiratórias e pode transformar-se em formaldeído cancerígeno quando o líquido é aquecido e vaporizado.

Os produtos químicos em qualquer cartucho de vaporizador não são tão estritamente regulamentados como os dos produtos de tabaco e podem variar muito entre produtos e sabores. O vapor pode conter níveis prejudiciais de metais tóxicos, incluindo chumbo e arsénio e alguns dos aromas presentes no vapor também podem matar as células ou impedir que cresçam.

Por exemplo, alguns contêm um sabor artificial chamado diacetilo. As consequências para a saúde das baixas concentrações de diacetilo encontradas no vapor são ainda desconhecidas, mas sabe-se que a inalação de grandes quantidades pode causar cicatrizes generalizadas nos pulmões, o que bloqueia o fluxo de ar adequado, levando à fadiga, pieira e, muitas vezes, à morte.

Compreensão das consequências da vaporização apenas no início

A vaporização existe apenas há 20 anos e tornou-se popular apenas na última década. Embora existam provas sólidas de que a vaporização causa problemas de saúde oral, são necessárias mais pesquisas a longo prazo para compreender todos os efeitos na saúde, explica Okano. Simplesmente não houve tempo suficiente para que estes efeitos surgissem. Enquanto isso, porquê usar-se a si mesmo como cobaia?

“Quando alguém diz: ‘Bem, não há qualquer prova de que a vaporização é prejudicial’, a minha resposta seria: ainda não”, refere o especialista, que confirma: “Vaporizar não é uma alternativa segura ao fumo. Portanto, se não vaporiza, não comece. E se vaporiza, tente parar.”

 

Crédito imagem: Unsplash

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