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Pais de bebés prematuros dormem pior

bebés prematuros

Longas noites sem dormir e pouco descanso marcam, para muitos, o início da paternidade. Mas qual a real dimensão do problema e como é que este afeta a nossa saúde? Gunhild Nordbø Marthinsen, especialista da Universidade de Agder, na Noruega, explorou o tema na sua investigação de doutoramento, que mostra que pais de bebés prematuros sofrem mais.

“O sono não é apenas importante para as crianças – é também essencial para os pais”, refere Marthinsen, que trabalha com crianças doentes e com os seus pais há vários anos, tendo percebido, através desta experiência, que o sono não estava a receber muita atenção.

“Os pais não são os nossos doentes, mas isso não significa que as suas necessidades de sono não sejam importantes”, afirma. Até porque a investigação há muito que mostra que a privação do sono pode ter um grande impacto na saúde física e mental, sobretudo durante o período pós-parto, com os problemas de sono a conduzirem a stress, exaustão, depressão e redução da qualidade de vida, ainda mais entre as novas mães.

Bebés prematuros,maior risco para os pais

O estudo agora realizado examinou os padrões de sono de dois grupos de pais de bebés: um deles tinha filhos que nasceram prematuros e o outro que nasceram de termo. E os resultados mostram que os pais de bebés prematuros têm pior qualidade de sono e, frequentemente, maior incidência de insónia. Situação que, para alguns, dura até um ano após o nascimento.

A insónia é vivenciada de forma diferente de pessoa para pessoa. Uns têm dificuldade em adormecer, outros acordam várias vezes durante a noite e alguns apresentam má qualidade de sono. O denominador comum é não dormir o suficiente durante um longo período.

“Muitos dos pais que tentámos recrutar estavam em crise. Tinham um filho na unidade de cuidados intensivos neonatais, talvez com problemas de saúde graves. O sono estava em último lugar na sua lista de prioridades”, explica Marthinsen.

Ainda assim, descobriu-se que os pais de bebés de termo também têm dificuldades em dormir, em alguns casos, com a mesma intensidade.

Insónia: mais do que apenas um sono de má qualidade

É normal dormir mal com um recém-nascido em casa. Mas quando deixa de ser normal e passa a ser um diagnóstico? “A insónia é mais do que apenas a falta de sono. É a dificuldade em funcionar durante o dia e o problema persistir durante pelo menos três meses. Muitos pais de primeira viagem sofrem com isso sem sequer se aperceberem”, explica Marthinsen.

No seu trabalho de doutoramento, mais de metade das mães de ambos os grupos apresentavam insónias dois meses após o parto, um número que foi mais baixo entre os pais, mas ainda assim superior a 40%.

Marthinsen sublinha que os profissionais de saúde muitas vezes não têm a linguagem e os métodos necessários para falar com os pais sobre o sono. “Mapeamos sistematicamente a dor e a depressão. Mas o sono não é muito específico. Muitas pessoas dizem apenas: ‘Às vezes durmo mal’. Isso não diz grande coisa”, explica.

Acredita, por isso, que está na altura de dar mais atenção ao sono como tema nos cuidados pós-parto. “Deveríamos falar mais sobre o sono desde o início. Como desenvolver bons hábitos de sono, o que é normal e quando procurar ajuda. Isto é algo de que todos os novos pais podem beneficiar, especialmente aqueles com bebés prematuros.”

Recomenda, nesse sentido, que a orientação sobre o sono seja introduzida regularmente durante a gravidez e os cuidados pós-parto, acreditando que deveria ser mais fácil para os pais de bebés obterem ajuda antes de os problemas de sono se tornarem um problema de saúde grave.

“Muitos pensam que é algo com que simplesmente têm de lidar. Mas dormir não é um luxo. É uma necessidade.”

 

Crédito imagem: Unsplash

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