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Novo estudo mostra que contraceção hormonal pode fazer mais do que apenas prevenir a gravidez

Contraceção hormonal

A contraceção hormonal é uma realidade para milhões de mulheres, na maioria das vezes para prevenir a gravidez, mas também para controlar condições como a endometriose, a síndrome do ovário poliquístico e os ciclos irregulares. Medicamentos que, como muitas podem atestar, podem afetar mais do que o organismo. Mudanças de humor, oscilações de peso e altos e baixos emocionais são histórias comuns que as mulheres partilham. Mas um novo estudo da Rice University, nos EUA, descobre que os efeitos podem ser mais complexos e, de certa forma, surpreendentes.

O estudo, publicado na revista Hormones and Behavior, mostra que a contraceção hormonal parece moldar a forma como as mulheres vivem as emoções no momento e como recordam os eventos emocionais mais tarde.

“Para as mulheres, as descobertas destacam o que muitas suspeitavam há muito tempo: o controlo da natalidade pode afetar mais do que a saúde reprodutiva”, refere Beatriz Brandão, estudante de pós-graduação do Departamento de Ciências Psicológicas da Rice e principal autora do estudo.

“O controlo da natalidade hormonal faz mais do que prevenir a gravidez : influencia também áreas do cérebro envolvidas nas emoções e na memória, que são essenciais para a saúde mental.”

Efeito protetor da saúde emocional

Os investigadores compararam mulheres que usavam contraceção hormonal com aquelas que estavam em ciclo natural. As participantes visualizaram imagens positivas, negativas e neutras enquanto aplicavam diferentes estratégias de regulação emocional, como o distanciamento, a reinterpretação ou a imersão, e posteriormente realizaram um teste de memória.

As mulheres que usavam contraceção hormonal apresentaram reações emocionais mais fortes em comparação com as mulheres em ciclo natural. Quando utilizaram estratégias como o distanciamento ou a reinterpretação, recordaram menos detalhes de eventos negativos, embora a sua memória geral permanecesse intacta. Por outras palavras, conseguiam lembrar-se do acontecimento geral, mas não de todos os detalhes, uma lacuna que pode, na verdade, ser útil, permitindo que sigam em frente em vez de reviverem detalhes desagradáveis.

As descobertas reforçam uma questão que muitas mulheres já tiveram, mas que poucos estudos responderam: como é que o controlo da natalidade afeta não só o corpo, mas também a mente? A regulação emocional e a memória estão associadas a resultados de saúde mental, como a depressão, e esta investigação sugere que os contracetivos hormonais podem influenciar estes processos de formas subtis, mas significativas.

“Ficámos surpreendidos ao descobrir que, quando as mulheres que usam contraceção hormonal utilizam estratégias como o distanciamento ou a reinterpretação, lembram-se de menos detalhes de eventos negativos”, explica Brandão. “Esta memória reduzida para experiências desagradáveis ​​pode, na verdade, ser protetora.”

“Estes resultados são inéditos e esclarecem como a contraceção hormonal pode influenciar os processos emocionais e de memória de formas importantes”, afirma Bryan Denny, professor de Ciências Psicológicas na Rice e coautor do estudo. Descobertas que par Stephanie Leal, professora de ciências psicológicas na Rice e autora sénior do estudo, “são muito animadoras”  e “sugeren que o controlo hormonal da natalidade tem a capacidade de modular tanto a forma como as mulheres regulam as suas emoções como a forma como essa regulação pode influenciar a memória, sobretudo em relação a experiências negativas”.

 

Crédito imagem: Unsplash

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