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Stress materno na gravidez pode afetar o desenvolvimento do bebé

stress materno

O stress materno pode deixar marcas epigenéticas nos genes da placenta associados ao cortisol, uma hormona necessária para o desenvolvimento fetal, o que tem o potencial de afetar o desenvolvimento do bebé desde as fases iniciais, mostra um artigo publicado na revista European Neuropsychopharmacology. O estudo sugere que o bem-estar emocional da mãe durante a gravidez não é apenas importante para ela, mas também pode influenciar a saúde futura do bebé.

A placenta é um órgão essencial durante a gravidez, pois não só fornece oxigénio e nutrientes ao feto, como também responde a fatores como o stress materno e ajuda o feto a adaptar-se ao meio ambiente. No entanto, os mecanismos pelos quais a placenta se ajusta a estes stressores e como isso influencia o desenvolvimento fetal permanecem em grande parte inexplorados.

A equipa de investigação liderada por Lourdes Fañanás, professora da Faculdade de Biologia e do Instituto de Biomedicina (IBUB) da Universidade de Barcelona, observou que o stress materno pode deixar marcas epigenéticas em certos genes da placenta. Marcas que, especificamente, não modificam a estrutura genética, mas alteram a sua função. E o estudo identificou-as em genes relacionados com a regulação do cortisol, uma hormona essencial na resposta do organismo ao stress.

Apoiar as mulheres desde os primeiros estágios da gravidez

Este estudo piloto envolveu 45 mulheres saudáveis ​​grávidas pela primeira vez que, durante a gravidez, viram medidos os seus níveis de cortisol e sintomas depressivos e, após o parto, foram alvo de uma análise à placenta. Às sete semanas, o neurodesenvolvimento dos bebés foi avaliado através de um teste especializado.

A equipa de investigação utilizou uma técnica avançada de sequenciação que lhe permite observar alterações epigenéticas em grandes áreas de ADN e, assim, obter uma visão muito detalhada da resposta da placenta ao stress materno. Este método identificou alterações em genes chave envolvidos na regulação do cortisol, o que sugere que o stress materno, sobretudo no início da gravidez, pode provocar alterações nestes genes, o que pode afetar o desenvolvimento fetal e a saúde futura do bebé.

Águeda Castro, primeira autora do estudo, ​​realça que “este estudo reforça a importância de cuidar da saúde mental das mães desde o início da gravidez, uma vez que o stress pode deixar uma marca biológica no desenvolvimento do bebé através de mecanismos epigenéticos que estamos apenas a começar a compreender”.

Embora este seja um estudo piloto, os resultados abrem portas para futuras pesquisas e possíveis intervenções para apoiar as mulheres grávidas em situações vulneráveis ​​desde as fases iniciais. E ainda que estas descobertas necessitem de ser replicadas em estudos de maior dimensão, esta descoberta sublinha a importância dos cuidados psicológicos e do apoio emocional durante a gravidez, não só para o bem-estar da mãe, mas também para a saúde do bebé a longo prazo.

 

Crédito imagem: Pexels

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