“Na nossa sociedade, as mulheres têm sido as principais responsáveis pela contraceção porque elas, não necessariamente os homens, têm que viver com as consequências.” Quem o diz é David Turok, investigador do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Utah Health, nos EUA, que está a testar um novo gel contracetivo para homens.
Com base nas investigações feitas até ao momento, os cientistas acreditam que o gel hormonal diminui a produção de esperma de um homem, reduzindo a sua probabilidade de ter um filho, sem no entanto diminuir o seu desejo sexual.
De acordo com os especialistas, aumentar as opções contracetivas disponíveis para os homens pode aliviar o fardo das mulheres, que tradicionalmente carregam uma responsabilidade maior associada ao controlo de natalidade.
Para avançar no trabalho, os investigadores estão agora a recrutar casais que, ao longo de dois anos, vão integrar o ensaio clínico nacional de Fase 2, apoiado pelo National Institutes of Health.
Atualmente, os homens heterossexuais que desejem minimizar o risco de gravidez têm opções limitadas. Podem usar preservativo, submeter-se a uma vasectomia ou abster-se. O novo gel, desenvolvido pelo Population Council e pelo NIH Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development, pode ajudar a expandir suas escolhas, afirma Turok.
O gel, que funciona para ser aplicado na zona dos ombros, contém duas hormonas. A primeira é uma progesterona sintética, que bloqueia a produção natural de testosterona nos testículos e reduz a produção de esperma. A segunda é uma reposição de testosterona, que ajuda a manter o desejo sexual e outras funções naturais dependentes desta hormona. Quanto aos seus efeitos, esses são reversíveis.
Além de avaliar a eficácia do gel na prevenção da gravidez, os investigadores também acompanharão o quanto os homens são diligentes na aplicação diária do gel, avaliando ainda a sua aceitação como método contracetivo.