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65% dos doentes com cancro do pulmão adiam procura de cuidados por sintomas não reconhecidos

cancro do pulmão

Um inquérito de grande escala realizado pela Lung Cancer Europe (LuCE) identificou barreiras críticas de comunicação que afetam o acesso à informação, a compreensão e a tomada de decisões partilhadas entre doentes com cancro do pulmão e prestadores de cuidados em toda a Europa.

O estudo, partilhado na Conferência Mundial sobre Cancro do Pulmão (WCLC) de 2025 da Associação Internacional para o Estudo do Cancro do Pulmão, teve por base 2.040 respostas válidas de 34 países da Região Europeia da Organização Mundial de Saúde e avaliou três áreas principais: conhecimento geral sobre o cancro do pulmão, acesso à informação e envolvimento na tomada de decisões.

Os resultados realçam a necessidade de melhoria por parte dos sistemas de saúde no que diz respeito às práticas de comunicação e ao envolvimento dos doentes, para garantir cuidados mais centrados na pessoa.

“Os doentes precisam de informações compreensíveis, oportunas e que apoiem uma participação significativa nos seus cuidados”, refere Debra Montague, da LuCE, autora da apresentação. “Apesar das melhores intenções, os sistemas atuais não conseguem, muitas vezes, capacitar os doentes e os prestadores de cuidados para tomarem decisões informadas”.

Falta informação para doentes com cancro do pulmão

Ao todo, 65% dos participantes adiaram a procura de cuidados devido a sintomas não reconhecidos, 22% desconheciam os biomarcadores e 24% não compreendiam o seu prognóstico.

De acordo com a especialista, 40% afirmaram não ter recebido informações suficientes e 29% não compreenderam completamente as que receberam. “Os doentes disseram-nos que as barreiras comuns incluíam o processamento de informação (39%), a falta de clareza (33%) e a complexidade (33%)”, acrescenta. “Surpreendentemente, apenas 56% consideraram que a sua opinião foi tida em conta nas decisões de tratamento, enquanto 60% consideraram que o plano de cuidados correspondia às suas preferências.”

Segundo Montague, o principal obstáculo à tomada de decisão partilhada foi a linguagem médica complexa (49%).

A maioria dos inquiridos (64%) valorizou tanto a qualidade como a duração da vida de igual forma, embora cerca de um terço tenha dado prioridade à qualidade em detrimento da quantidade de vida, sublinhando a necessidade de discussões personalizadas sobre os cuidados.

Montague afirma que incentiva os profissionais de saúde, os decisores políticos e os grupos de defesa a colaborar para melhorar o diagnóstico precoce, melhorar a comunicação e priorizar a tomada de decisões partilhada. “Os profissionais de saúde devem possibilitar e implementar a tomada de decisões partilhada para ajudar a melhorar a qualidade de vida. Estratégias de comunicação melhoradas são essenciais para oferecer cuidados centrados na pessoa.”

 

Crédito imagem: iStock

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