Pode a ausência de peso impedir o crescimento do cancro? A resposta a esta pergunta pode vir de um dos nove projetos de investigação que receberam o aval da nova Estação Espacial da China, programada para 2022. Um estudo que vai decorrer… no espaço.
As condições laboratoriais únicas oferecidas pela Estação Espacial Internacional e pela Estação Espacial da China (CSS), que ainda vai ser lançada, permitem investigações sobre todos os temas. Quando estiver pronta para dar início ao trabalho, o que se espera venha a acontecer em 2022, a Estação Espacial chinesa vai incluir um projeto que não é comum sobre cancro.
Chamado “Tumores no Espaço”, vai examinar o papel da microgravidade e da radiação cósmica no crescimento e desenvolvimento de tumores.
“Pretendemos estudar mutações e veremos como o ADN da célula é afetado pela falta de peso e pela radiação cósmica”, refere Tricia L. Larose, investigadora principal e especialista da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade Norueguesa de Ciências e Tecnologia (NTNU).
“O espaço está constantemente a abrir novas fronteiras para a humanidade poder avançar, como demonstrado por este projeto, que visa encontrar novas formas de reduzir tumores, um dos principais assassinos do nosso tempo”, refere a responsável pela agência das Nações Unidas para assuntos espaciais.
Transformar o espaço em laboratório
A experiência parte da hipótese de Larose, que acredita que o crescimento do cancro diminui ou para quando não existe gravidade da Terra.
E uma vez que no espaço existe radiação cósmica, esta será também alvo de análise, nomeadamente a forma como afeta as células.
Estudo que vai também ajudar a entender o risco de cancro entre os astronautas em missões de longa duração na estação espacial ou em viagens mais longas, como a que se deverá realizar a Marte.
“O maior desafio dos voos espaciais e da exploração humana em missões de longa duração é, entre outros, o risco de cancro para a tripulação devido à exposição a radiação cósmica”, refere a cientista. Uma avaliação que vai permitir “prever riscos e proteger a tripulação numa missão espacial de longa duração”.
Marianne K. Vinje Tantillo, chefe de voo espacial e exploração da Agência Espacial Norueguesa, considera que a proposta de Larose aborda questões que precisam de ser respondidas. “Se uma pessoa vai para o espaço, precisa de resolver problemas de radiação, e este é um passo para o fazer”, refere.