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Prevenção de metástases, uma nova arma na guerra contra o cancro

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Apesar de muitos anos de investigação e muitos milhões de investimento na mesma, não há medicamentos aprovados para a prevenção de metástases. O torna o cancro, em muitos casos, uma doença misteriosa, incurável e letal. Agora, um grupo de especialistas da Universidade de Salford, no Reino Unido, fez uma descoberta que pode transformar o cancro numa doença tratável e eliminar o medo associado a este diagnóstico.

A metástase surge quando as células cancerígenas se espalham por todo o corpo, na maioria das vezes para outros órgãos, como o cérebro, tecido ósseo, pulmões e fígado. Na maioria das vezes, transforma o cancro numa doença terminal intratável, não havendo, até agora, nenhuma terapêutica eficaz para o evitar.

Após a remoção cirúrgica do tumor primário, a maioria dos doentes com cancro é tratada com quimioterapia e radiação para erradicar as células tumorais remanescentes, que possam ter sido deixadas para trás. Infelizmente, muitos acabam por sofrer recorrências do tumor, resultando em metástases à distância (disseminação do cancro).

O que significa que mais de 90% destes doentes morrem de doença metastática, tornando a descoberta de inibidores das metástases essencial para transformar o cancro numa doença crónica tratável e remover o medo e o estigma a este associados.

Para preencher esta lacuna de conhecimento e atender às necessidades clínicas, investigadores da Universidade de Salford identificaram o calcanhar de Aquiles da metástase, que pode ser alcançado removendo a capacidade de a célula cancerígena produzir nova energia.

Michael Lisanti e Federica Sotgia, que trabalham em medicina translacional naquela instituição, desenvolveram e testaram novos inibidores da metástase do cancro, baseados num antibiótico já aprovado pela FDA, a doxiciclina, aprovado pela primeira vez em 1967.

Luta contra as metástases no horizonte

O que os investigadores fizeram foi modificar quimicamente a doxiciclina, tornando-a cinco vezes mais potente para o direcionamento para as células cancerosas metastáticas. Felizmente, essa modificação também torna a doxiciclina ineficaz como antibiótico, removendo efetivamente o risco de desenvolvimento de bactérias resistentes a antibióticos e infeções.

Além disso, confirmaram que este novo medicamento, denominado Doxy-Myr, não é também tóxico em estudos pré-clínicos.

“Embora esta nova família de medicamentos tenha agora passar por testes clínicos, o trabalho mostra diretamente a prova de conceito de que é viável desenhar drogas que podem prevenir metástases, visando o processo de produção de energia celular. Consequentemente, cortar o fornecimento de combustível evita a metástase”, refere Lisanti.

“Esta descoberta pode, em última análise, mudar a prática clínica, ao adicionar a prevenção de metástases, como uma nova e mais eficaz arma na guerra contra o cancro.”

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