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Ano do nascimento pode determinar a resposta do organismo à gripe

vencer a gripe

O vírus ao qual foi exposto quando era criança determina a forma como luta contra a gripe ao longo da vida, descobriram investigadores canadianos.

Nasceu num ano em que o H1N1 era o vírus em circulação ou seria o H3N2? A questão importa porque, segundo defende um grupo de cientistas, o primeiro tipo de vírus da gripe a que estamos expostos enquanto crianças determina a nossa capacidade de combater a doença ao longo da nossa vida.

Publicado na revista Clinical Infectious Diseases, as descobertas de cientistas da Université de Montréal e da McMaster University dá força à ideia de que a exposição precoce a uma das duas estirpes de gripe que circulam todos os anos afeta não só a nossa imunidade, mas também a resposta subsequente à gripe.

Isso pode ter implicações importantes para o planeamento de pandemias e epidemias, permitindo que as autoridades de saúde pública avaliem quem pode estar em maior risco num determinado ano, com base na sua idade e em quais os vírus que eram dominantes na altura do nascimento.

“Já sabíamos, com base em estudos anteriores, que a suscetibilidade a subtipos específicos de gripe pode estar associada ao ano de nascimento”, afirma Alain Gagnon, autor principal do estudo. “Este novo estudo vai muito além”, acrescenta, uma vez que, agora, aproveitando os dados dados de que dispunham, os cientistas mostraram que “a mudança no domínio do subtipo durante uma temporada parece levar, praticamente em tempo real, a uma mudança na suscetibilidade por idade”.

Impacto da imunidade prévia na luta contra a gripe

Os especialistas verificaram que as pessoas que nasceram quando o H1N1 era dominante têm uma suscetibilidade muito menor à gripe durante as estações em que esse vírus é prevalente do que nas estações dominadas pelo H3N2. Por sua vez, os nascidos num ano de H3N2 são menos vulneráveis ​​à gripe durante as estações dominadas pelo H3N2.

Por exemplo, adultos mais velhos expostos em idades mais jovens ao vírus H1N1, que surgiu durante a pandemia de gripe espanhola em 1918, têm muitos anticorpos para combater o vírus e, por isso, saem-se muito bem quando expostos hoje ao vírus H1N1 de 2009, um primo próximo.

Mas numa estação dominada pelo H3N2, dão-se mal, com taxas de mortalidade significativamente mais altas.

Por outro lado, as pessoas nascidas durante a pandemia de 1968, causada pelo H3N2 estão melhor equipadas para lidar com a gripe durante as estações em que o H3N2 é dominante. Em 2017-18, por exemplo, houve uma pequena queda na incidência de gripe nas pessoas nascidas entre 1968 e 1977.

“A imunidade prévia das pessoas a vírus como a gripe, incluindo o coronavírus atual, pode ter um tremendo impacto sobre o risco de adoecer durante epidemias e pandemias subsequentes”, afirmou o coautor do estudo, o imunologista Matthew Miller, professor associado da McMaster.

“Compreender como a imunidade anterior deixa as pessoas protegidas ou suscetíveis é realmente importante para ajudar a identificar as populações que estão em maior risco durante epidemias sazonais e novos surtos.”

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