Os doentes que usam as aplicações de smartphone para se lembrarem de tomar a medicação têm maior probabilidade de tomar os medicamentos do que aqueles que recebem instruções por escrito, revela um estudo apresentado no 45.º Congresso Argentino de Cardiologia.
“Tínhamos a hipótese de que uma ‘app’ aumentaria a adesão em 30%, mas o impacto foi ainda maior”, afirma o autor do estudo, Cristian M. Garmendia, do Instituto Cardiovascular de Buenos Aires.
“Os doentes que usam a ‘app’ foram alertados para tomar os comprimidos. Tinham também um conhecimento melhor sobre o motivo pelo qual lhes tinha sido receitado cada medicamento e podiam verificar a conformidade com o médico”, acrescenta.
Uma maior adesão ao tratamento
Após um enfarte, aos doentes são prescritos medicamentos para evitar outro evento. No entanto, um em cada quatro interrompe pelo menos um medicamento nos primeiros 30 dias após a alta hospitalar, o que proporciona um controlo deficiente dos sintomas e a uma maior probabilidade de reinternamento e morte prematura.
Atualmente, não existe uma estratégia simples e económica para melhorar a adesão e encontrá-la foi o que se pretendeu com este estudo, que testou o impacto de uma ‘app’ na toma da medicação.
Ao todo, 90 doentes que tinham sofrido um enfarte e estavam internados no hospital, com uma idade média de 63 anos, foram aleatoriamente divididos em dois grupos: um que recebia alerta através da ‘app’ e o outro que recebia informações detalhadas por escrito (atendimento padrão).
A adesão ao tratamento médico foi medida aos 90 dias.
Para aqueles designados por grupo de smartphones, a programação de medicamentos prescritos foi carregada no dispositivo móvel, com um alarme a tocar cada vez que deveria ser tomado um medicamento.
Depois da toma, os doentes confirmavam a mesma na ‘app’, dando aos médicos a possibilidade de verificar a adesão diária através de uma plataforma digital profissional.
Aos 90 dias, significativamente mais doentes no grupo da ‘app’ estavam a tomar os medicamentos corretamente (65%) em comparação com aqueles que receberam tratamento padrão (21%).
Uma forma simples e de baixo custo
Um objetivo secundário do estudo foi verificar quantos doentes em cada grupo foram hospitalizados na sequência de outro enfarte ou tiveram uma visita não planeada ao médico ou urgência. E, aqui, não foram encontradas diferenças entre os grupos.
“Isso pode ter sido devido ao número relativamente pequeno de doentes ou à baixa taxa de eventos. Esse foi um endpoint exploratório, mas nosso próximo estudo será projetado tendo esses resultados como o endpoint primário”, refere Juan Pablo Costabel, autor sénior do estudo.
O mesmo que conclui que “a adesão ao tratamento após um enfarte aumentou com o uso de uma ‘app’ para smartphone. Essa é uma forma fácil e de baixo custo para melhorar a conformidade médica neste cenário”.