A fadiga é um sintoma comum, mas subestimado na endometriose, revelam os resultados de um estudo internacional realizado com mais de 1.100 mulheres.
Publicado na Human Reproduction, uma das principais revistas de medicina reprodutiva do mundo, o trabalho concluiu que a prevalência da fadiga foi mais do dobro em mulheres diagnosticadas com endometriose, comparando com as que não foram afetadas por esta doença, e manteve-se significativa mesmo depois de ajudada a outros fatores, como dor, insónia, stress ou depressão.
“Estes resultados sugerem que a endometriose tem um efeito sobre a fadiga que é independente de outros fatores e que não pode ser atribuída a sintomas da doença”, explica Brigitte Leeners, especialista do Departamento de Endocrinologia Reprodutiva do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça, e líder da investigação.
“Embora a fadiga crónica seja conhecida como um dos sintomas mais debilitantes da endometriose, não é amplamente discutida e poucos são os grandes estudos que a investigaram”, acrescenta.
“Acreditamos que, para melhorar a qualidade de vida das mulheres com esta doença, os médicos devem investigar e abordar este problema quando estiverem a discutir com os seus doentes as melhores formas de administrar e tratar o problema.”
Prevalência elevada
A endometriose é um problema no qual as células endometriais que formam o interior do útero crescem também noutras áreas da região pélvica, como os ovários e a cavidade abdominal, sendo os principais sintomas a dor e infertilidade.
Não se sabe o que causa a doença, mas trata-se de um problema comum, com uma prevalência global entre 6-10%, que pode ser tratado com medicamentos e com cirurgia.
Um sintoma com grande impacto
Para o estudo, os investigadores recrutaram 1.120 mulheres, 560 das quais com endometriose e outras tantas sem a doença, de hospitais e consultórios particulares na Suíça, Alemanha e Áustria, entre 2010 e 2016.
As mulheres completaram um questionário que as inquiriu sobre vários fatores relacionados com a qualidade de vida e endometriose, como bem como histórias médicas e familiares, estilo de vida e transtornos mentais. Fadiga e insónia foram categorizadas em cinco níveis diferentes, variando de 1 (nunca) a 5 (com muita frequência).
A análise permitiu verificar que 50,7% das mulheres diagnosticadas com endometriose sofriam de fadiga frequente, comparando com 22,4% das que não tinham a doença. Fadiga e endometriose foi também associada a um aumento em sete vezes das insónias, quatro vezes da depressão, duas vezes da dor e quase 1,5 vezes do stress ocupacional.